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編號:第234/2018號 (刑事上訴案)
上訴人:A
日期:2018年4月4日

主要法律問題:假釋

摘 要

雖然上訴人所觸犯的較輕的販毒罪為本澳常見犯罪類型,且對公共健康帶來負面影響,上訴人購買16.0克的氯胺酮供自己及朋友一起吸食,但考慮上述罪行的實施期間及方式,涉及的毒品份量並非特別多,犯罪嚴重程度亦不屬明顯的重。
更重要的事,上訴人一直在獄中的表現良好,亦參加了職業培訓,人格演變有很大的進步,這反而讓合議庭相信,假若提早釋放上訴人,不會對維護法律秩序和影響社會安寧造成威脅而使公眾在心理上無法承受以及對社會秩序產生一種衝擊等負面因素。

裁判書製作人

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譚曉華

合議庭裁判書



編號:第234/2018號 (刑事上訴案)
上訴人:A
日期:2018年4月4日


一、 案情敘述

   初級法院刑事起訴法庭在PLC-250-16-1º-A卷宗內審理了被判刑人A的假釋個案,於2018年2月2日作出裁決,否決其假釋申請。

   被判刑人不服,向本院提起上訴,並提出了有關上訴理由。1
   
   檢察院對上訴作出了答覆,並提出下列理據(結論部分):
1. 我們對上訴人的看法不予支持,在此再一次維持及重申我們在假釋意見書中所持之立場是理解,並不再多加贅述,僅作以下簡單回應。
2. 我們完全同意原審法院在被上訴決定中所持的觀點與理據。
3. 在特別預防方面,根據案中的犯罪情節,顯示上訴人的守法意識極度薄弱,且其犯案被捕後至其接受審判期間亦未見其有絲毫悔過之心,尤其是其在庭審中未能積極承認所作之犯罪行為及協助法庭發現真相。為此,僅按上訴人現時的服刑時間,我們認為尚不足以教化上訴人並能使其人格獲得適當的矯治,亦難以令人相信倘其提早獲釋將能以守法方式重返社會
4. 在一般預防方面,上訴人所觸犯的販毒罪屬嚴重犯罪,且其持有的毒品份量不少,對社會造成嚴重惡害。此外,按上訴人所持有的毒品份量,其所被判處的刑罰已屬過輕,即使其服完全部的刑罰,我們仍認為不足以沖淡其行為對社會所造成之惡害及深遠影響,更遑論能准予其提早獲釋。
5. 基於此,根據案中的犯罪情節,倘若過早給予上訴人假釋,定必使其他潛在犯罪者抱有僥倖心態而以身試法,因而大大動搖本澳有關當局打擊相關犯罪的力度,另一方面也會使社會大眾無法接受並失去對有關當局能有效維持法律秩序的信心。可見,給予上訴人假釋明顯未能達到一般預防的效果。
6. 綜上所述,經考慮上訴人所實施的犯罪行為、其個人狀況及對社會所造成的影響,我們完全認同原審法院的立場,並認為上訴人的情況未能符合《刑法典》第56條第1款規定的實質要件,故此,上訴人的上訴理由明顯不成立,應予以駁回。
   懇請尊敬的中級法院法官閣下,一如既往作出公正裁決!

案件卷宗移送本院後,駐本審級的檢察院代表作出檢閱及提交法律意見,認為上訴人現階段尚未具備法定的假釋條件,所以上訴理由不成立,應作出維持否決假釋申請的決定。

本院接受上訴人提起的上訴後,組成合議庭,對上訴進行審理,各助審法官檢閱了卷宗,並作出了評議及表決。
   
   
   二、事實方面

案中的資料顯示,下列事實可資審理本上訴提供事實依據:
1. 於2016年1月22日,在第二刑事法庭合議庭普通訴訟程序第CR2-15-0224-PCC號卷宗內,上訴人因觸犯一項第17/2009號法律第11條第1款(一)項所規定及處罰的「較輕的生產和販賣罪」,被判處1年9個月徒刑及一項同一法律第14條所規定及處罰的「不法吸食麻醉藥品及精神藥物罪」,被判處45日徒刑。兩罪競合,上訴人合共被判處1年9個月15日實際徒刑(見徒刑執行卷宗第4至11頁)。
2. 上訴人不服判決,向中級法院提起上訴,中級法院於2016年11月17日裁定其上訴理由不成立,駁回有關上訴(見徒刑執行卷宗第12頁至第16頁背頁)。
3. 上述判決在2016年12月1日轉為確定。
4. 上訴人在2015年3月9日觸犯上述罪行。
5. 上訴人未曾被拘留,自2016年11月24日起被羈押於澳門監獄,其將於2018年9月8日服滿所有刑期。
6. 上訴人已於2018年2月3日服滿刑期的三份之二。
7. 上訴人是首次入獄。
8. 上訴人在服刑期間,未有申請參與獄中的學習課程。
9. 上訴人自2017年11月起參與獄中金工的職業培訓。
10. 上訴人已支付判刑卷宗所判處之訴訟費用。
11. 根據上訴人在監獄的紀錄,上訴人在服刑期間行為表現為良,屬信任類,並無違反監獄紀律的紀錄。
12. 上訴人入獄後,其家人會經常前往監獄探訪,給予其支援及鼓勵。
13. 上訴人表示出獄後,將與家人一同生活;工作方面,上訴人將在XX公司從事活動協調員的工作。
14. 監獄方面於2017年12月27日初級法院刑事起訴法庭提交了假釋案的報告書。
15. 上訴人同意接受假釋。
16. 刑事起訴法庭於2018年2月2裁決,不批准上訴人的假釋,理由為
“根據澳門《刑法典》第56條第1款的規定,假釋的形式要件是囚犯須服刑達三分之二且至少已服刑六個月,實質要件則是在綜合分析囚犯的整體情況並考慮到犯罪的特別預防和一般預防的需要後,法院在被判刑者回歸社會和假釋對法律秩序及社會安寧的影響兩方面均形成有利於囚犯的判斷。
囚犯的情況已符合上述形式要件。
就實質要件,在特別預防方面,監獄對囚犯服刑行為之總評價為“良”,其沒有違反獄規的紀錄。服刑期間,囚犯自2017年11月起參與獄中金工的職業培訓。此外,囚犯已支付判刑卷宗所判處之訴訟費用。對於囚犯上述尚算積極的服刑表現,實應予以肯定。
然而,除囚犯上述之服刑表現外,本法庭認為案中需著重關注的是囚犯的人格改造進展情況,就是次假釋程序,為可更好審視囚犯人格之糾治情況,本法庭已於是日聽取囚犯親身所作之聲明,其聲稱當日被捕時已知道毒品的禍害且感到十分悔疚,惟當被問及既然是這樣為何在庭審聽證時其要選擇沉默而不坦白承認有關犯罪事實,囚犯則辯稱自己遇到重要事件時會口才不佳,故才選擇保持沉默,另外,囚犯對於為何犯案至今仍作出含糊的陳述。基於囚犯之上述取態,本法庭對於囚犯之人格是否已朝正面積極的方向作出糾治實存有重大疑問,且對其現階段是否已真正悔悟並無充分把握,另更重要的是以囚犯之情況來看,就其在現時倘獲假釋後能否循規蹈矩且不再犯罪,尤其是會否再次涉毒方面,本法庭仍存疑問。
縱觀囚犯在獄中之表現,考慮到其所實施的毒品犯罪之嚴重性、過往生活與人格方面的演變情況,本法庭認為目前囚犯仍未具備適應誠實生活的能力及意志,因此對其一旦提早獲釋能以負責任的態度在社會安份地生活並不再犯罪方面沒有充足信心。所以,囚犯的情況不符合澳門《刑法典》第56條第1款a項所規定的給予假釋的實質條件。
除上述在特別預防方面的因素外,為決定是否給予假釋,還必須顧及在一般預防犯罪及維護社會與法律秩序方面的考慮,而不單取決於囚犯本人是否已具備重新納入社會的主觀有利因素,更重要的是考慮這類罪犯的假釋所引起的消極社會效果。
就本案囚犯的情況,尤其在一般預防方面,基於其所觸犯的其中一項犯罪為「較輕的生產和販賣罪」,依據有關已證事實顯示,囚犯要求同案另一被判刑人購買毒品以供自己及他人吸食,案中警方所搜出之氯胺酮淨量達16克(經定量分析),可以說,單從上述毒品的數量而言,囚犯所犯之罪已具有高度的不法性,罪過程度亦高,實應予相當程度的譴責。事實上,囚犯所犯之販毒犯罪對社會的影響相當深遠,由此衍生的其他犯罪及社會問題亦十分嚴重,人們一旦染上毒癮,受害的不單是其本人,而是其家人甚至是整個社會。有跡象顯示此類犯罪近年在本澳愈來愈活躍,甚至有愈來愈年輕化的趨勢,情況令人擔憂,故預防此類犯罪實急不容緩。
須指出,儘管上述負面因素在量刑時已被考慮,但是,在決定假釋時仍必須將之衡量,考究將囚犯提早釋放會否使公眾在心理上產生無法接受之感,會否對社會秩序產生重大衝擊。
考慮到澳門社會的現實情況,提早釋放囚犯將引起相當程度的社會負面效果,妨礙公眾對被觸犯的法律條文之效力所持有的期望,故基於有需要對有關犯罪作一般預防的考慮,本法庭認為,提前釋放囚犯將有礙法律秩序的權威及社會的安寧,因此,不符合澳門《刑法典》第56條第1款b項所規定的給予假釋此一必備實質要件。
綜上所述,並經考慮檢察院及監獄之意見,本法庭認為由於提早釋放囚犯A並不符合澳門《刑法典》第56條第1款a項及b項的規定,故決定否決其假釋申請,囚犯必須服完不足一年的剩餘刑期。
執行澳門《刑事訴訟法典》第468條第4款及第5款的規定,將本批示通知囚犯及送交有關複印本。
通知路環監獄及有關判刑卷宗。
作出通知及採取必要措施。”


   三、法律方面

上訴人認為已經符合假釋的條件,提出刑事起訴法庭不批准假釋的裁決違反了《刑法典》第56條第1款的規定。

   現就上述上訴理由作出分析。
   根據《刑法典》第56條規定,當服刑已達三分之二且至少已滿六個月時,如符合下列要件,法院須給予被判徒刑者假釋:經考慮案件之情節、行為人以往之生活及其人格,以及於執行徒刑期間在人格方面之演變情況,期待被判刑者一旦獲釋,將能以對社會負責之方式生活而不再犯罪屬有依據者;及釋放被判刑者顯示不影響維護法律秩序及社會安寧。假釋之期間相等於徒刑之剩餘未服時間,但絕對不得超逾五年。實行假釋須經被判刑者同意。
因此,是否批准假釋,首先要符合形式上的條件,即服刑已達三分之二且至少已滿六個月,另外,亦須符合特別預防及一般犯罪預防的綜合要求的實質條件。
在特別預防方面,法院需綜合罪犯的犯罪情節、以往的生活及人格,再結合罪犯在服刑過程中的表現,包括個人人格的重新塑造,服刑中所表現出來的良好的行為等因素而歸納出罪犯能夠重返社會、不會再次犯罪的結論。
而在一般預防方面,則需考慮維護社會法律秩序的要求,即是,綜合所有的因素可以得出罪犯一旦提前出獄不會給社會帶來心理上的衝擊,正如Figueiredo Dias教授的觀點,“即使是在對被判刑者能否重新納入社會有了初步的肯定判斷的情況下,也應對被判刑者的提前釋放對社會安定帶來嚴重影響並損害公眾對被觸犯的法律條文的效力所持有的期望的可能性加以衡量和考慮,從而決定是否應該給予假釋”;以及所提出的,“可以說釋放被判刑者是否對維護法律秩序及社會安寧方面造成影響是決定是否給予假釋所要考慮的最後因素,是從整個社會的角度對假釋提出的一個前提要求。” [1]

本案中,上訴人是首次入獄。上訴人在服刑期間行為表現為良,屬信任類,並無違反監獄紀律的紀錄。上訴人在服刑期間,未有申請參與獄中的學習課程。上訴人自2017年11月起參與獄中金工的職業培訓。
上訴人入獄後,其家人會經常前往監獄探訪,給予其支援及鼓勵。上訴人表示出獄後,將與家人一同生活;工作方面,上訴人將在XX公司從事活動協調員的工作。

從上述行為中可以客觀地顯示上訴人有積極的重返社會的強烈意願,為重返社會做出了積極的準備的事實。上訴人維持良好的獄中表現,並獲得社工、獄警及獄長的信任。這說明,上訴人在服刑期間的表現顯示出他在人格方面的演變已向良好的方向發展。
也就是說,上訴人在犯罪的特別預防方面可以得出對他的提前釋放有利的結論。

誠然,亦需考慮上訴人所犯的罪行的嚴重性以及在維護社會、法律秩序的考慮方面的因素。
雖然上訴人所觸犯的較輕的販毒罪為本澳常見犯罪類型,且對公共健康帶來負面影響,上訴人購買16.0克的氯胺酮供自己及朋友一起吸食,但考慮上述罪行的實施期間及方式,涉及的毒品份量並非特別多,犯罪嚴重程度亦不屬明顯的重。

另一方面,由於罪犯在犯罪特別預防方面所表現的有利因素,因此必須在犯罪預防的兩個方面取得一個平衡點。法院不能過於要求一般預防的作用而忽視了特別預防的作用,而使人們產生“嚴重罪行不能假釋”的錯誤印象。並且,這也不符合刑法所追求的刑罰的目的。
我們知道,假釋並不是刑罰的終結。它的最有效的作用就是在罪犯完全被釋放之前的一個過渡期讓罪犯能夠更好地適應社會,而完全的融入這個他將再次生活的社會。2這種作用往往比讓罪犯完全的服完所判刑罰更為有利。
更重要的事,上訴人一直在獄中的表現良好,亦參加了職業培訓,人格演變有很大的進步,這反而讓合議庭相信,假若提早釋放上訴人,不會對維護法律秩序和影響社會安寧造成威脅而使公眾在心理上無法承受以及對社會秩序產生一種衝擊等負面因素。

因此,合議庭認為上訴人具備了假釋的條件,其上訴理由成立,而否決假釋的決定應予以撤銷。


   四、決定

綜上所述,本合議庭決定判處A的上訴理由成立,撤銷原審法院的決定,批准上訴人的假釋;假釋期間至2018年9月8日止。
假釋期間,上訴人須遵守以下義務:
- 接受社會重返部門的跟進。
- 由2018年4月9日開始,每月到司法警察局報到。
- 出獄後一個月內向本卷宗提交工作證明。
立即發出釋放令釋放上訴人,並作出必要的通報。
上訴人無需支付本案訴訟費用。訂定法院委任代理人的代理費2,000澳門圓,由終審法院院長辦公室支付。
著令通知。

              2018年4月4日
              
              
               ______________________________
              譚曉華 (裁判書製作人)
              
              
               ______________________________
              司徒民正 (第二助審法官)
              
              
               ______________________________
              蔡武彬 (第一助審法官)
              
1其葡文結論內容如下:
1. Vem o presente recurso do despacho de fls. 47 a 49 que negou ao ora Recorrente a concessão de liberdade condicional.
2. O Recorrente foi condenado, em cúmulo jurídico, na pena única de 1 anos e 9 meses e 15 dias, tendo já cumprido dois terços da pena em 3 de Fevereiro de 2018.
3. Falta cumprir ao Recorrente menos de 7 meses e 5 dias de prisão.
4. O Recorrente deu o seu consentimento à liberdade condicional.
5. Encontram-se satisfeitos os requisitos formais para a concessão da liberdade condicional previstos no art.º 56° do CP.
6. As razões fundamentais para a decisão sobre a liberdade condicional dependem de uma avaliação do indivíduo em concreto, no que diz respeito à sua atitude face à pena que lhe foi aplicada, à perspectiva de um comportamento futuro socialmente responsável, à sua inserção na sociedade e vivência de acordo com as regras normais da vida em sociedade.
7. A defesa da ordem jurídica e da paz social só aparece como um obstáculo à concessão da liberdade condicional quando esta se mostre incompatível com aquela.
8. O despacho recorrido errou na apreciação dos requisitos materiais previstos nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 56º do CP.
9. O despacho recorrido sustenta-se apenas no tipo de crimes pelo qual foi condenado para concluir que há dúvidas quanto a possibilidade de o Recorrente poder vir a adoptar um comportamento socialmente responsável e honesto.
10. Porém, o Recorrente é primário (cfr. fls. 47 verso dos autos).
11. O Recorrente nunca cometeu qualquer infracção disciplinar no Estabelecimento Prisional de Macau desde que ali deu entrada, mantendo um bom comportamento prisional, como resulta da avaliação global do seu comportamento que é de “bom”.
12. Tanto o Relatório da Divisão de Apoio Social, Educação e Formação como o Parecer do Director do Estabelecimento Prisional de Macau, são favoráveis à liberdade condicional do Recorrente (cfr. fls. 7 e 9 a 15 dos autos).
13. O Recorrente mostra um profundo arrependimento pelos seus actos passados, foi sempre cooperante desde que iniciou a execução da pena de prisão e vê na liberdade condicional uma oportunidade de reabilitação.
14. O Recorrente manteve, por sua exclusiva iniciativa, um bom desempenho nas actividades ocupacionais (indústria metalomecânica) dentro do Estabelecimento Prisional de Macau.
15. O bom comportamento e desempenho do Recorrente no Estabelecimento Prisional de Macau conduzem a um juízo de prognose altamente favorável de que a Recorrente está consciente dos erros cometidos no passado e de que este se pretende reinserir na sociedade e ter uma vida em sintonia com as regras de convivência normal.
16. O Recorrente tem como incentivo maior para o seu ajustamento à vida em sociedade, o facto de ter mulher e filhos pequenos, com os quais voltará a viver assim que for libertado.
17. Tal arrependimento é desde logo muito visível - reitera-se - do teor da carta redigida pelo Recorrente (cfr. fls. 36 a 37 dos autos), o qual reconheceu os crimes praticados por sua estupidez e fraca consciência da necessidade de cumprir as leis, entendendo o perigo de drogas e as respectivas consequências negativas, bem como a sua promessa de que jamais voltará a ter contactos com drogas.
18. O Recorrente pretende empregar-se como coordenador numa associação com o fim não lucrativo relativa aos serviços altruísticos a fim de poder sustentar-se a si e a sua família e ter uma vida socialmente digna.
19. De resto, o Recorrente tem todo o apoio da família, com a qual nunca perdeu ligação, o que constitui a sua maior motivação se reajustar da melhor forma possível o comportamento ao que a sociedade espera dele desde que iniciou o cumprimento da pena de prisão.
20. Os requisitos de prevenção especial estão satisfeitos no presente caso e existe uma grande probabilidade de o Recorrente vir a conduzir a sua vida de modo socialmente aceitável e sem cometer novos crimes.
21. Ao desconsiderar os factos supra referidos e ao sustentar-se apenas no comportamento do Recorrente anterior à condenação em apreço para lhe negar a concessão de liberdade condicional, a decisão recorrida violou a alínea a) do artigo 56º do Código Penal.
22. As exigências de prevenção geral apenas impõem uma recusa da liberdade condicional quando se conclua que a liberdade é incompatível com a ordem jurídica e com a paz social.
23. Não se vislumbra, nem o Tribunal a quo clarifica, como é que a libertação condicional de um individuo que foi condenado numa pena inferior a 2 anos por tráfico de menor gravidade e consumo de estupefacientes, após o cumprimento de parte substancial da pena, que tem mulher, filhos pequenos e outros familiares à sua espera e que o apoiam, que tem fortes perspectivas de trabalho, que todas as instituições responsáveis pelo seu acompanhamento se mostram favoráveis à sua libertação condicional, pode afectar a expectativa da sociedade quanto ao cumprimento das normas jurídicas e a defesa da ordem jurídica, da paz social e à imagem de Macau.
24. Pelo contrário, dos autos resulta o bom comportamento prisional do Recorrente, a evolução positiva da sua personalidade durante o cumprimento da pena de prisão, o seu arrependimento quanto aos factos criminosos praticados, e a garantia de apoio familiar, o que somado confere uma certa garantia de que o mesmo já não representa um perigo para a sociedade.
25. Caso seja, concedida, como se espera, a liberdade condicional, o Recorrente pretende regressar para o seio da sua família e reingressar ao mundo do trabalho, o que confere à sociedade uma certa garantia de que a sua libertação e progressiva reabilitação não afectará a ordem jurídica e paz social.
26. No presente caso, é evidente que a libertação condicional do Recorrente é compatível com a paz social da RAEM.
27. Não tendo assim entendido, o despacho recorrido enferma de erro de direito, por violação do artigo 56.º, n.º 1, al. b) do Código Penal.
Nestes termos e nos demais de direito, deve dar-se provimento ao presente recurso e, consequentemente, revogar-se o despacho Recorrido e decidir-se pela concessão de liberdade condicional ao Recorrente, assim se fazendo a boa e habitual Justiça.
[1] In Direito Penal Português, Ao Consequências Jurídicas do Crime, 1993, pp. 538-541.
2 Cfr. L. Henriques e Simas Santos in, “Noções Elementares de Direito Penal de Macau, 1998, pág. 142. Acórdãos deste TSI, entre outros, de 11 de Abril de 2002 do Processo Nº 50/2002.
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234/2018 p.13/13