打印全文
Processo n.º 1098/2020
(Autos de recurso em matéria penal)

Relator: Fong Man Chong
Data : 23 de Setembro de 2021

Assuntos:

- Insuficiência de factos para imputar o crime de burla (e também para o de infidelidade)


SUMÁRIO:

I - É essencial que, para o preenchimento do tipo legal de crime de burla, p. e p. pelo artigo 211º do CPM, o agente determine outra pessoa a praticar um ou mais actos que lhe causem prejuízo patrimonial, quando da leitura da matéria de facto (quer da acusação pública, quer da sentença condenatória) não se extrai, de forma alguma, quem é que o Recorrente burlou e, nomeadamente, quem é que foi induzido pelo Recorrente a realizar em seu prejuízo actos de disposição patrimonial, impõe-se à conclusão de que o arguido/Recorrente não cometeu o ilícito penal imputado.
II – Ainda que os factos acusados e provados possam integrar (parcialmente) o tipo penal de infidelidade, p. e p. pelo artigo 217º do CPM, a falta de elementos factuais respeitantes à existência de deveres funcionais, à sua violação grave e à intenção subjectiva (intencional) do arguido, afasta a possibilidade de incriminar o arguido nestes termos, já que não foi orientado para esse sentido todo o inquérito.



O Relator,

_______________
Fong Man Chong

合議庭裁判書


編 號:第1098/2020號 (刑事上訴案)1
上 訴 人:A
上訴標的:第一審法院的有罪判決
日 期:2021年9月23日
*
一、 案情敘述

   關於本案對各式嫌犯之控訴,2020年9月30日(宣判日期)在初級法院刑事法庭(第CR2-20-0193-PCC號卷宗)作出如下裁判:
- 指控第一嫌犯B及第二嫌犯A以直接共同正犯、故意及既遂方式觸犯的《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰之一項「偽造文件罪」(共犯),均判處罪名不成立。
- 第二嫌犯A以直接正犯、其故意及既遂方式觸犯:
1) -《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰之五項「信任之濫用罪」(第二嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項各判處5個月的徒刑;
2) -《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰之兩項「偽造文件罪」,每項各判處7個月的徒刑;
3) -《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰之四項「詐騙罪」(第二嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項各判處5個月的徒刑。
- 指控第二嫌犯A以直接共同正犯、故意及既遂方式觸犯《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰之一項「詐騙罪」(共犯),改判為第二嫌犯A以直接正犯、故意及既遂方式觸犯《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰之一項「詐騙罪」(第二嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),判處5個月的徒刑。
- 指控第二嫌犯A以直接共同正犯、故意及既遂方式觸犯《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰之兩項「偽造文件罪」(共犯),改判為第二嫌犯A以直接正犯、故意及既遂方式觸犯《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰之兩項「偽造文件罪」,每項各判處7個月的徒刑。
- 數罪並罰,合共判處第二嫌犯A2年徒刑的單一刑罰,徒刑准予暫緩2年執行,條件為第二嫌犯須於判決確定後2個月內向本特區支付30,000澳門元的捐獻。
*
   嫌犯A不服判決,向中級法院提起上訴,理據如下(結論部分):
1. 關於認定第二嫌犯觸犯五項信任之濫用罪方面,各嫌犯已解釋並非直接將相關貨款據為己有而僅是使用顧客消費所兌換的現金券作替換。
2. 各人亦詳細說明使用現金券去兌換現金的具體操作,多名證人在作證時亦作出確認,尤其證人C及D(11.32-12.47/CH/Recorded on 17-Sep-2020 at 11.32.58 (32EV#3FG00720121)/25:00-30:00)
3. 而E Limitada在收取現金券後將會進一步向促銷活動主辦方新濠天地將現金券轉換為現金。(11.32-12.47/CH/Recorded on 17-Sep-2020 at 11.32.58 (32EV#3FG00720121)/25:00-31:00)
4. 亦即是說,E Limitada實際上不會因此而蒙受金錢上的損失。
5. 根據判決書第37頁第一段所述,被上訴法院似乎僅確認各名嫌犯違反公司的員工守則私自將現金券兌換成為現金而沒有進一步確認E Limitada在收取現金券後再向促銷活動主辦方將現金券轉換為現金的事實,因此存在審查證據的錯誤。
6. 而即使以上的立場不為上訴法院所接納,上訴人亦認為各名嫌犯私自使用顧客消費所得的現金券兌換成為現金的行為並未達至構成犯罪的層次而僅屬於違反公司頒佈的員工守則。
7. 因為使用現金券去兌換現金的促銷模式原屬E Limitada又或促銷活動的主辦方同意及允許的行為,本身並無不法,而各名嫌犯所違反的應是E Limitada內部頒佈的員工守則,在此情況下,其需接受的懲處應是被解僱及透過民事程序去追究其違反僱員義務的民事賠償責任,而非現時被判處的刑事責任。
8. 事實上,檢察院在2020年5月26日所作的批示中所作的歸檔決定中所述(卷宗第397頁),單純使用現金券兌換成為現金的行為並不構成任何犯罪。
9. 而即使是私下保留顧客消費的單據及將之兌換成為現金券的行為,檢察院亦認為應符合盜竊罪及需要由相關顧客作出告訴去啟動刑事程序,而由於本案中欠缺顧客的告訴而作出歸檔的處理。
10. 基於以上所述,上訴人認為,在被上訴法院確認上訴人被指控的第3.1,3.4,3.8,3.9和3.10項行為屬使用現金券去兌換現金的前提下,被上訴法院仍然判處上訴人信任之濫用罪罪名成立,其決定存在法律適用上的錯誤。
11. 關於判處兩項偽造文件方面,各嫌犯在審判中已作出說明,主要是出於將顧客所交付的現金兌換成為現金券的原因,所以在顧客交付款項時會先行放於一旁,然後待顧客離開後及有空閒時,再一次性在收銀機處補辦入帳的步驟。
12. 以上的說法事實上亦與證人D的描述相符(11.32-12.47/CH/Recorded on 17-Sep-2020 at 11.32.58 (32EV#3FG00720121)/40:00-42:00)
13. 上訴人認為,以上的說法具可信性及符合邏輯,因為與上訴人被指控的信任之濫用的行事模式相互對應,於信任之濫用的指控中,上訴人的行為正是在收取顧客所交付的現金後並沒有將之放入收銀機及在收銀機打印出收據。
14. 事實上,在沒有真正交易的情況下去在收銀機中偽造交易紀錄本身對上訴人而言實屬愚蠢的舉動,因為每一筆交易紀錄意味著上訴人需要使用其個人的金錢支付紀錄所指的金額,因此,對上訴人而言根本屬百害而無一利。
15. 再者,假設上訴人的確作出被指控的偽造文件的行為,理論上其目的應是透過此行為去詐取公司財物謀取私利,然而,正如上指的判決書第37頁第一段所述,店方在帳面上並沒有損失,只是被各名嫌犯們不當利用現金券去替換了顧客所交付的現金。
16. 因此,上訴人並沒有故意制作虛假的交易記錄,而僅是在沒有顧客時將先前作出的交易在收銀機中補辦交易紀錄。
17. 基於此,上訴人認為,被上訴法院在審查關於偽造文件方面的證據中存在錯誤。
18. 關於被上訴法院判處上訴人所實施的五項詐騙罪方面,正如各嫌犯於審判中所作的解釋,其主要目的一方面是希望藉此向顧客提供額外的收款方式以便可以促成交易而非出於任何不法的企圖,而另一方面亦有意透過此種收款模式去將顧客所交付的現金兌換成為現金券,具體的操作是在個人的二維碼收取顧客的款項後,再將手上管有的同等金額的現金券交予公司。
19. 以上的解釋具邏輯及屬可信,因為正如先前所述,業已查明公司帳面上並不存在任何損失,由此可見,各嫌犯並沒有作出任何詐騙公司的行為。
20. 因此,被上訴法院認定第3.3,3.5,3.6和3.11所指控事實及控訴書第3.7點第二部份所指事實成立存在審查證據方面的錯誤。
21. 再者,即使以上的理解不獲接納,上訴人亦認為被上訴法院判處上訴人五項詐騙罪成立存在法律適用上的錯誤。
22. 上訴人認為,即使有關行為確實構成詐騙,事實上,受害一方理應是支付款項的顧客一方而非公司本身,主要原因是,有關行為所導致的結果是使得顧客誤以為上訴人所提供的二維碼屬於公司所提供及接納的收款方式,在此情況下而向上訴人支付相關的款項,惟有關款項卻非公司所收取而被上訴人據為己有。
23. 基於此,蒙受損害的一方應是顧客本身而非公司,此亦即是,具有正當性提出告訴的應屬相關的顧客而非公司。
24. 而由於在本案中欠缺相關顧客適時所作的告訴,因此,相關的五項詐騙的罪行理應判處不成立。
25. 基於此,上訴人認為被上訴法院存在法律適用的錯誤。
26. 關於被上訴法院認定第二嫌犯的行為不構成連續犯方面,上訴人認為其決定存在審查證據方面的錯誤。
27. 在審判聽證中,不同嫌犯均表示,其可使得以現金券兌換現金的操作可行,最主要在於(1)公司本身的監管不足;(2)顧客本身並不要求購物收據;(3)負責將收據兌換現金券的同事並沒有嚴格執行公司指引,因為根據公司的指引,原則上理應由顧客親身向同事展示購物收據去換領現金券,惟在實際操作時,當各嫌犯使用顧客收據去換領現金券時,相關同事亦照常兌換。
28.考慮到就此方面的描述各方面的人士均屬一致,因此,上訴人認為,以上的情節理應獲得被上訴法院的接納及確認。
29. 在此情況下,有關的事實應可被視作為“可相當減輕行為人罪過之同一外在誘因”。
30. 基於此,上訴人的行為應完全符合連續犯的構成要件。
31. 因此,上訴人認為,被上訴法院沒有認定以上的事實成立存在著審查證據方面的錯誤。
32. 對於判處第二嫌犯剝奪自由的刑罰及在數罪並罰下處以兩年的徒刑及緩刑兩年,上訴人認為相關決定既存在說明理由方面不可補救的矛盾,同時亦違反刑法典第64條及第65條的規定。
33. 關於上訴人的量刑方面,在本案中五名嫌犯中,上訴人屬唯一一名被判徒刑的嫌犯,其他嫌犯均被處以罰金的刑罰。
34. 而事實上,綜觀各名嫌犯在本案中的犯罪情節以及個人情況,得以被證實的均大致相同,不同之處大致僅在於各人所被指控的犯罪次數不同。
35. 而另一分別就是在於第二嫌犯在審判中選擇沉默而其他人士則作出答辯。
36. 然而,在各名嫌犯在案中被指控及最後被認定的犯案情況相若之下,被上訴法院最後僅認定必須判處上訴人以徒刑才達到處罰的目的。
37. 更何況,在判決理由說明部分,似乎個別嫌犯被認定的情節比上訴人的更為嚴重。
38. 關於判決書內所提及的包庇一事,上訴人首先希望強調的是,在整個審判聽證中,各名嫌犯每當回應關於其他人有否參與犯罪的問題時,所有嫌犯均大致表示對其他人士的情況不知情,包括問及關於上訴人的情況時亦然。
39. 事實上,上述的回應模式並非僅出現在關於上訴人的問題時所作的回應。由此可見,在本案中並沒有任何嫌犯故意對上訴人作出任何的包庇,尤其被上訴法院所指的第一嫌犯及第四嫌犯。
40. 更何況,上訴人在最後陳述的階段已主動承認其私自使用現金券兌換現金的行為,而所承認的部分亦大致與其他嫌犯所承認的一樣。如屬存在包庇的情況,上訴人根本無需要及不應該在最後陳述時主動承認上述的事實。
41. 再者,即使存在其他人等故意包庇的情況,事實上亦沒有任何跡象顯示屬上訴人主使其他人等作出。
42. 因此,關於此部分,被上訴法院的結論明顯存在矛盾的地方。
43. 關於悔悟方面,上訴人所指定的證人已在作證時詳細講述上訴人在案發後的態度。
44. 而在最後陳述的階段,上訴人亦向被上訴法院表明其在本案中所得到的教訓,上訴人承認當初因一時貪念而實施錯誤的行為,現時極度後悔及願意承擔責任。
45. 上訴人認為,不論其行為是否觸犯刑律,其違反公司的規則私下使用顧客的消費單據去兌換現金券,此等行為本身已屬不道德,不誠實及錯誤的行為。
46. 透過上訴人在最後陳述時的表白,事實上已體現出其真誠悔過的態度。
47. 再者,上訴人在本案中被指控的犯罪少於第一嫌犯,而案發後不久上訴人已短時間內重新投入新的一份工作,至今為止亦沒有任何重犯的記錄。
48. 在此情況下,被上訴法院對上訴人處以徒刑而其他嫌犯則處以罰金,有關的決定存在著理由說明的矛盾。
49. 而根據以上所指出的上訴人的個人情況,事實上,所定的兩年刑期亦明顯過重及違反刑法典第64條及第65條的規定案。
50. 在本案中,上訴人屬初犯,而自2018年案發後至今一直遵紀守法,同時亦已積極彌補其錯誤行為對他方所造成的損失,更已重新投入工作有著正當的職業,因此,即使在罪名成立的情況下,可以相信,施以非剝奪自由的刑罰已可達到處罰的目的。
51. 因此,被上訴法院最後對其判處徒刑屬違反刑法典第64條的規定。
52. 再者,上訴人在數罪並罰之下,合共被判處2年徒刑的單一刑罰及暫緩2年執行,另外還需要向澳門特區政府繳交MOP$30,000.00的捐獻。
53. 而在同一案中的其他嫌犯,所被判處的僅為120日至270日不等(金額為MOP$9,600.00至MOP$27,000.00)的罰金。
54. 相比之下可見,上訴人所被判處的對特區政府所作的捐獻部分已遠高於其他嫌犯的罰金。
55. 惟各名嫌犯在案中的犯案情節,所涉案件的金額及其嚴重程度,個人背景及狀況,乃至案發後的表現均大致相同。
56. 在此情況下,上訴人所被判處的刑罰以至捐獻,較諸於其他嫌犯而言,明顯不合符比例。
57. 上訴人認為,被上訴法院以上的量刑並沒有嚴格遵循刑事訴訟法第65條第2款的規定。
*
檢察院對上訴作出答覆,內容如下(結論部分):
1 - Vem o 2.° arguido A, na sua motivação apresentada, expor diversos argumentos que lhe levaram a interposição do presente recurso, os quais são: erro notório na apreciação da prova, erro na aplicação de direito, crime continuado, contradição insanável da fundamentação e violação do disposto nos artigos 64.° e 65.° do Código Penal de Macau.
2 - Antes de mais, é de notar que, para além da condenação pela prática de cinco crimes de abuso de confiança, dois crimes de falsificação de documento e cinco crimes de burla ora mencionada pelo 2.° arguido na sua motivação, o mesmo foi ainda condenado pela prática de mais dois crimes de falsificação de documento, entendemos que elemento esse também releva para a ponderação do presente recurso.
3 - Relativamente ao alegado vício de erro notório na apreciação da prova, vem o 2.° arguido invocar que, neste caso, a E LIMITADA não sofreu qualquer prejuízo pecuniário e, por outro lado, o mesmo deve apenas ser sancionado disciplinarmente e em termos criminais pela prática dos factos do nosso caso.
4 - Conforme os elementos constantes dos presentes autos e o depoimento prestado pelas testemunhas, é de salientar o seguinte: a ofendida neste caso é a E Limitada e não City of Dreams, por outro lado, existem, neste caso, várias formas de prática dos crimes em causa, uma dela é pagar através de cupões.
5 - Acresce que, na audiência de julgamento, o chefe responsável pela segurança da E Limitada explicou claramente sobre a prática dos factos postos em causa pelos cinco arguidos, tanto as formas utilizadas na prática dos factos acusados como o prejuízo causado à E Limitada.
6 - Sobre a matéria em causa, entendemos que o 2.° arguido não deve tirar algumas palavras das testemunhas para servirem de fundamento do seu argumento.
7 - Por outro lado, entende o próprio 2.° arguido que apenas deve ser punido disciplinarmente pela prática dos factos e não em termos criminais, invoca assim que entendimento esse parece ser também posição do Ministério Público.
8 - Nestes termos, é de salientar que o Ministério Público, na fase de inquérito, ponderou já todas as situações postas em causa no caso, se o Ministério Público entende de tal maneira como o 2.° arguido, ora, porque é que foi tomada a decisão de deduzir acusação contra os arguidos, incluindo o 2.° arguido?
9 - No nosso entendimento, conforme a convicção do Tribunal constante do acórdão recorrido, o Tribunal chegou a um entendimento lógico e razoável de que o 2.° arguido praticou os crimes de abuso de confiança, de falsificação de documento e de burla ora acusados.
10 - Nestes termos, não podemos deixar de considerar que a "questão" em causa se nos mostra relacionada com a "convicção" do Tribunal e não com o imputado "erro notório na apreciação da prova".
11 - Neste caso, a convicção do Tribunal assentou no resultado da análise de todos os elementos probatórios disponíveis nos autos e produzidos em julgamento, convicção essa que é livre, está consagrado no artigo 114.° do Código de Processo Penal de Macau.
12 - Face aos crimes ora condenados, entende o 2.° arguido que se parece afigurar que para o Tribunal poderia estar em causa um conjunto de factos merecedores de uma unificação de condutas através do instituto jurídico-penal do "crime continuado". Entende o mesmo que existe, pois, erro notório na apreciação de prova quanto à qualificação dos factos não como crime continuado mas como concurso de crimes.
13 - Em relação a todos os crimes de abuso de confiança, falsificação de documento e de burla ora praticados e condenados, julgamos que, face ao caso, não houve uma única resolução criminosa. O 2.° arguido tomou várias vezes tal resolução, quando teve a ideia de prática dos factos.
14 - O pressuposto fundamental da continuação criminosa é a existência de uma relação que, de for a, e de maneira considerável, facilite a repetição da actividade criminosa, tornando cada vez menos exigível ao agente que se comporte de maneira diferente, isto é, de acordo com o direito.
15 - No caso dos autos, não detectamos a diminuição sensível da culpa do 2.° arguido com fundamento em situação exterior, que é pressuposto da figura do crime continuado.
16 - Manifesta ainda o 2.° arguido a não concordância com as penas de prisão que lhe foram aplicadas, invoca que a situação dele é idêntica às dos demais arguidos, todos são primários, os crimes postos em causa são idênticos, bem como depositaram quantia no sentido de reparar os danos da ofendida, etc. e apenas os números dos crimes praticados por cada um dos arguidos são diferentes e ele próprio optou pelo exercício do direito de silêncio.
17 - Nestes termos, é de salientar que o que contradiz neste caso é a posição adoptada pelo 2.° arguido. O 2.° arguido, logo no início da audiência de julgamento, optou pelo exercício do direito de silêncio, no entanto, chega ao momento das alegações, veio o seu defensor dizer que, na realidade, o 2.° arguido negou os factos acusados, contudo, não queria responder as perguntas do Tribunal. E o 2.° arguido confirmou a negação alegada pelo seu defensor, no entanto, disse algumas palavras junto do Tribunal no sentido de manifestar o seu arrependimento.
18 - Sobre a questão de confissão, facto é que, do princípio ao fim, o 2.° arguido nunca confessou os factos acusados, situação que é diferente das dos demais quatro arguidos, estes confessaram a maior parte dos factos acusados. Julgamos que diferença essa deve traduzir na escolha e na determinação da pena.
19 - Tendo em conta os factos que se provou o 2.° arguido ter praticado, os mesmos consubstanciam cinco crimes de abuso de confiança, quatro crimes de falsificação de documento e cinco crimes de burla, facto é que as penas parcelares aplicadas ao mesmo pela prática dos crimes ora referidos situam-se dentro das respectivas molduras abstractas legalmente previstas e não são muito elevadas. Em cúmulo jurídico dessas penas parcelares, é condenado o 2.° arguido na pena única de 2 anos de prisão, suspensa a sua execução por 2 anos com a condição de prestar trinta mil patacas de contribuição pecuniária no prazo de 2 meses contado do trânsito em julgado do acórdão.
20 - As penas parcelares e a subsequente pena única ora aplicadas ao 2.° arguido foram já ponderadas e analisadas pelo Tribunal, atendendo especialmente a sua atitude manifestada na audiência de julgamento, o valor posto em causa, a quantia depositada antes da realização de julgamento, as exigências de prevenção, tanto geral como especial, o grau de ilicitude dos factos, o modo de execução destes, a intensidade do dolo, a conduta anterior ao facto e a posterior a este, tal como consta do acórdão.
21- Nestes termos, entendemos que o acórdão recorrido não padece de erro na aplicação de direito previsto no n.° 1 do artigo 400.° do Código de Processo Penal de Macau, bem como dos vícios de contradição insanável da fundamentação e de erro notório na apreciação da prova previstos, respectivamente, nas al. b) e c) do n.° 2 do artigo 400.° do Código de Processo Penal de Macau, também não violou o disposto nos artigos 64.° e 65.° do Código Penal de Macau.
*
案件卷宗移送本院後,駐中級法院的檢察院司法官作出檢閱及提交法律意見,內容如下:
Ao abrigo do disposto no artigo 406.º do Código de Processo Penal (CPP), vem o Ministério Público junto do Tribunal de Segunda Instância pronunciar-se nos termos que seguem:

1.
Inconformado com o douto acórdão proferido nos presentes autos pelo Tribunal Colectivo do 2.º Juízo Criminal do Tribunal Judicial de Base, que o condenou pela prática de 5 crimes de abuso de confiança previstos e punidos pelo artigo 199.º, n.º 1 do Código Penal, de 2 crimes de falsificação de documento previstos e punidos pelo artigo 244.º, n.º 1, alínea a) do Código Penal e 4 crimes de burla previstos e punidos pelo artigo 211.º, n.º 1 do Código Penal, veio o Arguido, A, melhor identificado nos autos, dela interpor recurso.

2.
2.1.
A primeira questão colocada pelo Recorrente é a de saber se o douto Tribunal recorrido incorreu em erro de julgamento ao condená-lo pela prática de 5 crimes de abuso de confiança previstos e punidos pelo artigo 199.º, n.º 1 do Código Penal.
Parece-nos que o Recorrente não tem razão.
Desde logo porque o seu recurso assenta, em parte, num fundamento inadmissível uma vez que através se questiona o julgamento sobre a matéria de facto que foi feito pela decisão recorrida.
Ora, como se sabe e resulta do disposto no artigo 400.º do CPP, em princípio, os poderes de cognição do tribunal de recurso em matéria de facto são, entre nós, muito limitados e certamente não contemplam uma reapreciação de tal matéria senão no quadro do artigo 415.º do CPP o que pressupõe a verificação dos vícios referidos nas alíneas do n.º 2 do referido artigo 400.º daquele diploma legal.
Mantendo-se a matéria de facto provada intocada, como não pode deixar de se manter, a consequência que daí decorre terá de ser a da improcedência do recurso também no que concerne ao invocado erro na aplicação da lei.
Na verdade, de acordo com o n.º 1 do artigo 199.º do Código Penal, incorre na prática do crime de abuso de confiança «quem se apropriar ilegitimamente de coisa móvel que lhe tenha sido entregue por título não translativo da propriedade é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa».
Ora, conforme consta dos pontos 3.1, 3.4 3.8, 3.9 e 3.10 com a matéria de facto dada como provada pela douta decisão recorrida, o Recorrente, em diversas ocasiões, recebeu dinheiro de clientes da loja na sequência de compras que estes fizeram e que, portanto, lhe foi entregue por título não translativo pois que tal dinheiro, em rigor, pertencia ao proprietário do estabelecimento comercial e apropriou-se ilegitimamente de tal dinheiro.
Não se desconhece a controvérsia doutrinal que existe relativamente às situações em que o objecto da apropriação são coisas móveis absolutamente fungíveis como é o caso do dinheiro. Aí, a questão central é a de saber se, quando alguém recebe dinheiro por título não translativo da propriedade, a sua mera confusão no património do tomador, ou mesmo o uso por parte deste, devem ter-se já por actos concludentes de apropriação, integrantes do tipo objectivo de ilícito (cfr. JORGE DE FIGUEIREDO DIAS, Comentário Conimbricense, Parte Especial, Tomo II, Coimbra, 1999, p. 104).
No entanto, no caso em apreço, tal questão não se coloca, na medida em que ficou provado que o Recorrente se apropriou ou fez suas as quantias que lhe foram entregues pelos clientes sem que, para além disso, se tenha provado o que quer que seja.
Improcede, pois, a nosso ver, o primeiro dos fundamentos do recurso.

2.2.
Quanto ao erro de julgamento apontado pelo Recorrente no que concerne à sua condenação pela prática de dois crimes de falsificação, também se nos afigura que o mesmo não tem razão.
Valem aqui as considerações que tecemos no ponto anterior relativamente à inviabilidade legal de discutir nesta sede o julgamento efectuado pelo Tribunal recorrido sobre a matéria de facto, sendo que, em rigor, o Recorrente apenas questiona tal julgamento e não já o enquadramento jurídico-penal dos factos.
Por isso, também nesta parte, entendemos o recurso não deve merecer provimento.

2.3.
A terceira questão que vem colocada pelo Recorrente respeita à sua condenação pela prática de quatro crimes de burla que o mesmo considera errada.
Neste ponto parece-nos que tem razão.
Com efeito, incorre na prática do crime de burla, nos termos do artigo 211.º, n.º 1 do Código Penal, «quem, com intenção de obter para si ou para terceiro enriquecimento ilegítimo, por meio de erro ou engano sobre factos que astuciosamente provocou, determinar outrem à prática de actos que lhe causem, ou causem a outra pessoa, prejuízo patrimonial».
É essencial, portanto, ao preenchimento do tipo legal de crime em causa que o agente determine outra pessoa a praticar um ou mais actos que lhe causem prejuízo patrimonial.
Todavia, salvo o devido respeito, da leitura da matéria de facto não se extrai, de forma alguma, quem é que o Recorrente burlou e, nomeadamente, quem é que foi induzido pelo Recorrente a realizar em seu prejuízo actos de disposição patrimonial. Face à matéria de facto provada, diríamos que ninguém foi.
Por isso se nos afigura que o Recorrente não cometeu os crimes de burla que lhe eram imputados, devendo, nesta parte, proceder o recurso.

2.4.
O Recorrente também entende que a decisão impugnada incorreu em erro quando considerou que os factos por si praticados não constituíam crime continuado.
Vejamos.
De acordo com o disposto na norma do artigo 29.º, n.º 2 do Código Penal, «constitui um só crime continuado a realização plúrima do mesmo tipo de crime ou de vários tipos de crime que fundamentalmente protejam o mesmo bem jurídico, executada por forma essencialmente homogénea e no quadro da solicitação de uma mesma situação exterior que diminua consideravelmente a culpa do agente».
No caso em apreço, os crimes de abuso de confiança praticados pelo Recorrente violaram o mesmo bem jurídico e foram executados de forma essencialmente homogénea.
Não nos parece, no entanto, que se verifique a solicitação de uma mesma situação exterior que diminua consideravelmente a culpa do Recorrente. Não se vislumbra ter havido um enquadramento exterior favorável à repetição da conduta criminosa que justifique o seu enquadramento na figura da continuação criminosa.
Por isso, sem necessidade de maiores considerações, parece-nos que improcede este fundamento do recurso.

2.5.
A última questão a apreciar no âmbito do presente recurso é a de saber se a decisão recorrida errou ao condenar o Recorrente na pena de 2 anos de prisão suspensa na sua execução pelo período de 2 anos.
Neste ponto, parece-nos que o Recorrente tem razão.
Desde logo porque, em nosso entender, o mesmo deve ser absolvido da prática dos crimes de burla de que vinha acusado o que não poderá deixar de reflectir-se na medida e na escolha da pena a aplicar em sentido favorável ao Recorrente.
Depois porque se não vislumbra razão legalmente aceitável face à factualidade que ficou provada, salvo o devido respeito, para discriminar de forma negativa o Recorrente relativamente aos demais Arguidos. A circunstância de o Recorrente se ter mantido em silêncio não pode, como parece evidente e resulta, expressis verbis, da parte final do n.º 1 do artigo 324.º do CPP, reverter em seu prejuízo. No caso, basta comparar as penas concretas aplicadas ao Recorrente com aquelas que foram aplicadas aos outros Arguidos para perceber que foi isso que, manifestamente, sucedeu.
Parece-nos, pois, que nesta parte deve proceder o recurso, aplicando-se ao Recorrente uma pena de multa nos termos que sejam julgados adequados.

3.
Face ao exposto, parece-nos, salvo melhor opinião, que deve ser concedido parcial provimento ao recurso nos termos que resultam da fundamentação que antecede.
*
本院接受上訴人提起的上訴後,組成合議庭,對上訴進行審理,各助審法官依法定程序檢閱卷宗,並作出評議及表決。
* * *
   二、事實方面

經庭審後原審法庭確認下列事實為既證事實:
1) 2018年1月左右澳門“E LIMITADA”的監控部門發現五名在路氹金光大道新濠天地時尚鐘錶區1332號舖所開設的分店中工作的員工(即上列五名嫌犯:第一嫌犯B,英文名XX;第二嫌犯A,英文名XXX;第三嫌犯F,英文名XXX;第四嫌犯G,英文名XXX;第五嫌犯H,英文名XXX)在店內當值期間進行買賣交易時有可疑操作,在採取適當的監察措施並翻查已有的監控錄影資料後發現:
2) 2.1.- 2018年1月18日下午6時41分左右從2016年10月開始在“E LIMITADA”任職售貨員的第一嫌犯在上述分店當值期間,在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進一個文件夾內再放進收銀枱下的抽屜中。
第一嫌犯隨後將該筆款項據為己有。
2.2.- 同日下午6時46分左右第一嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金據為己有。
2.3.- 同日下午6時48分左右第一嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進收銀枱下的抽屜中。
第一嫌犯隨後將該筆款項據為己有。
2.4.- 當晚9時57分左右第一嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣300元和港幣1,000元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進一個文件夾內。
當上述顧客離開之後第一嫌犯在清楚沒有進行過任何交易的情況下在收銀機上打印出一張編號為533 535 6636、交易內容為四只手錶(總價為澳門幣2,620元)的收款單據,為此第一嫌犯以其預先獲取的只可由顧客使用的澳門幣2,000元現金券作出了支付。
第一嫌犯隨後將上述澳門幣300元和港幣1,000元款項據為己有。
2.5.- 同月19日下午4時26分左右第一嫌犯在上述分店當值期間向一名顧客售出兩只手錶後向該顧客收取四張現金券以作支付部份貨款之用。
第一嫌犯隨後在清楚的情況下在收銀機上打印出一張編號為533 535 6641但交易內容只有一只手錶(價格為澳門幣2,500元)的收款單據,同時只將上述顧客交付的三張現金券放入收銀機內,另外一張面額不詳的現金券則被第一嫌犯放在收銀枱下抽屜內並於同日下午7時40分左右被其拿走。
2.6.- 同日下午4時33分左右第一嫌犯向一名顧客售出一只手錶後未依照公司規定,使用公司的掃碼器對該顧客的支付寶支付二維碼進行掃碼以收取相應款項,而是將其個人支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描,因此該嫌犯收取到本應屬其任職公司的貨款人民幣170元。
第一嫌犯就此未在收銀機上作出任何操作以記錄有關交易。
2.7.- 當晚7時55分左右一名顧客在選購一只手錶後將一張面額不詳的現金券交予第二嫌犯以作支付貨款,該嫌犯未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易而是隨即將該現金券和三張商品的二維碼(barcode)交予第一嫌犯。第一嫌犯在掃描此三張二維碼後在收銀機上打印出一張編號為533 535 6643、交易內容為三只手錶(總價為澳門幣1,945元)的收款單據,為此該嫌犯以其預先獲取的只可由顧客使用的澳門幣2,000元現金券作出了支付。
2.8.- 同月24日下午6時40分左右第一嫌犯向一名顧客售出一只手錶後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並因此收取到本應屬其任職公司的貨款人民幣170元。
第一嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
2.9.- 同月26日晚9時48分左右第一嫌犯向一名顧客售出一只手錶後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並收取到本應屬其任職公司的貨款人民幣2,465元。
第一嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
2.10.- 2018年1月28日下午3時49分左右第一嫌犯在收取一名顧客所支付的港幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進一個文件夾內再放進收銀枱下的抽屜中。
第一嫌犯隨後將該筆款項據為己有。
2.11.- 同日下午6時35分左右第一嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進一個文件夾內再放進收銀枱下的抽屜中。
第一嫌犯隨後將該筆款項據為己有。
2.12.- 同日晚9時45分左右第一嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進一個文件夾內再放進收銀枱下的抽屜中。
第一嫌犯隨後將該筆款項據為己有。
2.13.- 同日晚10時21分左右第一嫌犯在為一名顧客結算其所選購的一只手錶時乘該顧客不備,偷偷將另外兩只手錶(每只手錶價金為澳門幣200元)的二維碼(barcode)輸入收銀機,因此收銀機所打印出來的編號為533 535 6799的購物單據內容變成了總金額為澳門幣3,700元的三只手錶,該顧客在以銀聯卡付款時就多支付了澳門幣400元。
2.14.- 同月29日下午6時8分左右第一嫌犯向一名顧客售出一只手錶後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並收取到本應屬其任職公司的貨款人民幣170元。
第一嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
2.15.- 2018年2月2日下午4時48分左右第一嫌犯向一名顧客售出兩只手錶後將其個人的微信收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並收取到本應屬其任職公司的貨款人民幣3,000元。
第一嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
3) 3.1.- 2018年1月5日下午6時33分左右從2017年1月開始在“E LIMITADA”任職售貨員的第二嫌犯在上述分店當值期間,在收取一名顧客所支付的港幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進收銀枱下的抽屜中。當日下午6時44分第二嫌犯從抽屜中取出該200元現金放進自己的褲袋内。
3.2.- 同月21日下午7時47分第二嫌犯在向一名顧客出售了價值澳門幣17,280元的貨品後未將該筆交易的533 535 6680號銷售單據交予該顧客,而是將之私自保留下來並於當日晚8時13分將單據交予另一職員拿去兌換了5,000元現金券。
當晚9時28分第二嫌犯在清楚沒有顧客進行交易的情況下掃描其預先準備好的商品二維碼在收銀機上打印出一張編號為533 535 6681、交易內容為三只手錶(總價為澳門幣4,980元)的收款單據,第一嫌犯隨即以上述現金券作出了支付。
3.3.- 2018年1月23日中午12時22分左右第二嫌犯向一名顧客售出了價值不詳貨品後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並收取到本應屬其任職公司的金額不詳之貨款。
第二嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
3.4.- 同月26日下午2時52分左右第二嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣950元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進一個文件夾內再放進收銀枱下的抽屜中。
第二嫌犯隨後將該筆款項據為己有。
3.5.- 同月27日下午6時37分左右第二嫌犯向一名顧客售出兩只手錶後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並收取到本應屬其任職公司的相應貨款澳門幣1,300元。
第二嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
3.6.- 同年2月1日下午3時37分左右第二嫌犯向一名顧客售出貨品後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並收取到本應屬其任職公司的相應貨款澳門幣4,000元。
第二嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
3.7.- 同日晚7時22分左右一名顧客選購了一只標價為澳門幣2,400元的手錶後將港幣2,500元交予第四嫌犯,第二嫌犯在明知的情況下在收銀機上打印出一張編號為533 535 6848、交易內容為一只手錶(交易價為澳門幣200元)的收款單據同時只找回給該顧客澳門幣100元。因此兩嫌犯清楚知悉按收款單據所載金額計算收銀機內多出了約澳門幣2,275元的款項。
當晚10時53分左右第二嫌犯在第四嫌犯的配合下,使用該犯所提供的員工折扣卡在收銀機上打印出編號533 535 6857、銷售內容為三只手錶(總價為澳門幣2,379.7元)的收款單據。
因此,在沒有支付任何款項的情況下,便以第四嫌犯的名義購得三只手錶。
3.8.- 同月21日上午10時31分左右第二嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣1,180元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是直接將之據為己有。
3.9.- 同日下午5時2分左右第二嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是直接將之據為己有。
3.10.- 同月22日上午11時59分左右第二嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,不將該筆款項依規定放入收銀機內而是直接將之據為己有,只將一張舊單據交予了該顧客。
3.11.- 同日中午12時16分左右第二嫌犯向一名顧客售出兩只手錶後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並收取到本應屬其任職公司的相應貨款人民幣3,496元。
第二嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
4) 4.1.- 2018年2月4日晚8時22分左右從2017年2月開始在“E LIMITADA”任職售貨員的第三嫌犯在上述分店當值期間,在收取一名顧客以現金所支付的約200澳門元的貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是在顧客離開後將現金據為己有。
4.2.- 同月16日下午2時30分左右第三嫌犯在收取一名顧客以現金所支付的約200澳門元的貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是在顧客離開後將現金據為己有。
4.3.- 同月19日中午12時48分左右第三嫌犯和第四嫌犯在收取一名顧客以現金所支付的約200澳門元的貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是互相配合由第四嫌犯以文件夾遮掩所收取的現金,第三嫌犯則將文件夾下的現金取走。
5) 5.1.- 2018年2月1日下午3時36分左右從2016年11月開始在“E LIMITADA”任職售貨員的第四嫌犯在上述分店當值期間,在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進收銀枱下的抽屜中。
5.2.- 同日下午6時9分左右第四嫌犯在收取一名顧客所支付的港幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進收銀枱下的抽屜中。
5.3.- 同日下午6時59分左右第四嫌犯在收取一名顧客所支付的港幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進收銀枱下的抽屜中。
5.4.- 同月4日下午6時47分左右第四嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進收銀枱下的抽屜中。
5.5.- 同月12日下午6時57分左右第四嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放在收銀機下,只將一張舊的收款單據交給了該顧客。
5.6.- 同日晚9時50分左右第四嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放在收銀機下,只將一張舊的收款單據交給了該顧客。
5.7.- 同月17日下午3時9分左右第四嫌犯在收取一名顧客用以支付所購貨品價款的澳門幣200元現金和現金券後,不將現金和現金券依規定放入收銀機內,而是將之放在收銀機下抽屜內。
5.8.- 第四嫌犯將上述款項全數據為己有。
5.9.- 同日下午5時7分左右第四嫌犯在收取一名顧客以人民幣1,500元所支付的購買貨物的價款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是由第五嫌犯以文件夾作遮掩,兩嫌犯在當日下午5時40分將該筆款項從文件夾中取出瓜分。
5.10.- 同月20日上午11時20分左右第四嫌犯在收取一名顧客以港幣4,500元所支付的購買貨物的價款後,抽出其中一張1,000元的紙幣放入一個盒子內並以其預先準備好的一張現金券作替換,為此該嫌犯在收銀機上打印出顧客以1,000元澳門幣現金券支付其中一部份貨款的533 535 7271號收款單據。
當日上午11時44分第四嫌犯從盒子中取出前述1,000元港幣放進第三嫌犯衣袋內。
6) 6.1.- 2018年1月22日上午11時12分左右從2017年4月開始在“E LIMITADA”任職售貨員的第五嫌犯在上述分店當值期間向一名顧客售出一只手錶後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並因此收取到本應屬其任職公司的人民幣1,230元貨款。
 第五嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
6.2.- 同日下午1時10分左右第五嫌犯向一名顧客售出一只手錶後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並因此收取到本應屬其任職公司的人民幣1,046元貨款。
第五嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
6.3.- 同月27日晚8時34分左右第五嫌犯在收取一名顧客所支付的購買一只手錶的港幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而只是將現金放在收銀枱上。
當晚8時39分第五嫌犯將上述款項放入其衣袋內據為己有。
6.4.- 當晚8時42分左右第五嫌犯在收取一名顧客所支付的購買一只手錶的港幣2,000元現金貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是在該顧客離開之後將該筆現金放入其衣袋內據為己有。
6.5.- 同年2月17日上午11時42分左右第五嫌犯在收取一名顧客所支付的購買貨品的港幣1,010元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是在該顧客離開之後將該筆現金放入其衣袋內據為己有。
6.6.- 同月18日中午12時50分左右第五嫌犯在收取一名顧客所支付的購買貨品的澳門幣1,500元貨款後,不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是以一個文件夾作遮掩,之後在第四嫌犯的掩護下取走該筆現金據為己有。
6.7.- 同日中午12時54分左右第五嫌犯在收取一名顧客所交付的用以購買貨品的總額澳門幣1,500元的現金券後,不將該等現金券依規定放入收銀機內,而是將該等現金券收起據為己有。
6.8.- 同月24日下午6時39分左右第五嫌犯在收取一名顧客所支付的購買貨品的澳門幣2,200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是在該顧客離開之後將該筆現金放入其衣袋內據為己有。
7) 第一、二、三、四和第五嫌犯在自由,自願和有意識的情況下,利用其任職公司售貨員之便利,單獨或互相配合,多次將顧客所支付屬其任職公司所有的貨款取走以達到將之據爲己有之非法目的。
8) 第一、二和第五嫌犯在明知和有意識的情況,出示其個人之收款二維碼,令顧客向其作出錯誤的支付,其行為直接導致其任職公司財產上之損失。
9) 第一、二、四嫌犯在明知和有意識的情況下,未經許可,利用職務之便,假造交易單據,以達到為其本人取得非法利益之目的。
10) 以上五名嫌犯清楚知道其行爲是法律所禁止,會受法律之相應制裁。
此外,還查明:
庭審前,第二嫌犯已以賠償名義向卷宗存放了23,000澳門元(卷宗第514頁)。
庭審前,第三嫌犯已以賠償名義向卷宗存放了1,000澳門元(卷宗第508頁)。
庭審前,第四嫌犯已以賠償名義向卷宗存放了10,000澳門元(卷宗第509頁)。
庭審前,第五嫌犯已以賠償名義向卷宗存放了12,500澳門元(卷宗第510頁)。
第一嫌犯B表示具有初中畢業的學歷,帳房職員,每月收入為12,500澳門元,與在職的妻子(但正在放無薪假)育有一名子女。
第二嫌犯A表示具有中學畢業的學歷,公關,每月收入為20,000澳門元,暫未育有子女。
第三嫌犯F表示具有大學畢業的學歷,無業,無收入,暫未育有子女。
第四嫌犯G表示具有大專畢業的學歷,無業,無收入,暫未育有子女。
第五嫌犯H表示具有高中畢業的學歷,售貨員,每月收入為20,000澳門元,暫未育有子女。
根據嫌犯的最新刑事記錄顯示,五名嫌犯均屬於初犯。
* * *
   三、法律理據
   
Como o recurso tem por objecto a sentença proferida pelo Tribunal de 1ª instância, importa ver o que o Tribunal a quo decidiu. Este fundamentou a sua decisão nos seguintes termos:

一、概述
1. 澳門檢察院以合議庭普通訴訟程序對下列嫌犯提出起訴:
第一嫌犯B,男,已婚,帳房職員,持有澳門特區永久性居民身份證,編號為XXX,1987年8月16日出生於澳門,父母名分別為XXX和XXX,居於澳門XXX,電話:XXX。
第二嫌犯A,男,未婚,公關,持有澳門特區永久性居民身份證,編號為XXX,1990年9月23日出生於廣東省,父母名分別為XXX和XXX,居於澳門XXX,電話:XXX。
第三嫌犯F,女,未婚,無業,持有澳門特區永久性居民身份證,編號為XXX,1993年7月4日出生於廣東省,父母名分別為XXX和XXX,居於澳門XXX,電話:XXX。
第四嫌犯G,女,未婚,無業,持有澳門特區非永久性居民身份證,編號為XXX,1994年7月26日出生於廣東省,父母名分別為XXX和XXX,居於澳門XXX,電話:XXX。
第五嫌犯H,男,未婚,售貨員,持有澳門特區永久性居民身份證,編號為XXX7),1993年9月26日出生於澳門,父母名分別為XXX和XXX,居於澳門XXX,電話:XXX。

2. 指控事實及罪名
檢察院指控稱:
1.
2018年1月左右澳門“E LIMITADA”的監控部門發現五名在路氹金光大道新濠天地時尚鐘錶區1332號舖所開設的分店中工作的員工(即上列五名嫌犯:第一嫌犯B,英文名XXX;第二嫌犯A,英文名XXX;第三嫌犯F,英文名XXX;第四嫌犯G,英文名XXX;第五嫌犯H,英文名XXX)2在店內當值期間進行買賣交易時有可疑操作,在採取適當的監察措施並翻查已有的監控錄影資料後發現:
2.
2.1
2018年1月18日下午6時41分左右從2016年10月開始在“E LIMITADA”任職售貨員的第一嫌犯在上述分店當值期間,在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進一個文件夾內再放進收銀枱下的抽屜中。
第一嫌犯隨後將該筆款項據為己有。
2.2
同日下午6時46分左右第一嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金據為己有。
2.3
同日下午6時48分左右第一嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進收銀枱下的抽屜中。
第一嫌犯隨後將該筆款項據為己有。
2.4
當晚9時57分左右第一嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣300元和港幣1,000元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進一個文件夾內。
當上述顧客離開之後第一嫌犯在清楚沒有進行過任何交易的情況下在收銀機上打印出一張編號為533 535 6636、交易內容為四只手錶(總價為澳門幣2,620元)的收款單據3,為此第一嫌犯以其預先獲取的只可由顧客使用的澳門幣2,000元現金券作出了支付。
第一嫌犯隨後將上述澳門幣300元和港幣1,000元款項據為己有。
2.5
同月19日下午4時26分左右第一嫌犯在上述分店當值期間向一名顧客售出兩只手錶後向該顧客收取四張現金券以作支付部份貨款之用。
第一嫌犯隨後在清楚的情況下在收銀機上打印出一張編號為533 535 6641但交易內容只有一只手錶(價格為澳門幣2,500元)的收款單據4,同時只將上述顧客交付的三張現金券放入收銀機內,另外一張面額不詳的現金券則被第一嫌犯放在收銀枱下抽屜內並於同日下午7時40分左右被其拿走。
2.6
同日下午4時33分左右第一嫌犯向一名顧客售出一只手錶後未依照公司規定,使用公司的掃碼器對該顧客的支付寶支付二維碼進行掃碼以收取相應款項,而是將其個人支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描,因此該嫌犯收取到本應屬其任職公司的貨款人民幣170元5。
第一嫌犯就此未在收銀機上作出任何操作以記錄有關交易。
2.7
當晚7時55分左右一名顧客在選購一只手錶後將一張面額不詳的現金券交予第二嫌犯以作支付貨款,該嫌犯未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易而是隨即將該現金券和三張商品的二維碼(barcode)交予第一嫌犯。第一嫌犯在掃描此三張二維碼後在收銀機上打印出一張編號為533 535 6643、交易內容為三只手錶(總價為澳門幣1,945元)的收款單據6,為此該嫌犯以其預先獲取的只可由顧客使用的澳門幣2,000元現金券作出了支付。
2.8
同月24日下午6時40分左右第一嫌犯向一名顧客售出一只手錶後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並因此收取到本應屬其任職公司的貨款人民幣170元7。
第一嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
2.9
同月26日晚9時48分左右第一嫌犯向一名顧客售出一只手錶後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並收取到本應屬其任職公司的貨款人民幣2,465元8。
第一嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
2.10
2018年1月28日下午3時49分左右第一嫌犯在收取一名顧客所支付的港幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進一個文件夾內再放進收銀枱下的抽屜中。
第一嫌犯隨後將該筆款項據為己有。
2.11
同日下午6時35分左右第一嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進一個文件夾內再放進收銀枱下的抽屜中。
第一嫌犯隨後將該筆款項據為己有。
2.12
同日晚9時45分左右第一嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進一個文件夾內再放進收銀枱下的抽屜中。
第一嫌犯隨後將該筆款項據為己有。
2.13
同日晚10時21分左右第一嫌犯在為一名顧客結算其所選購的一只手錶時乘該顧客不備,偷偷將另外兩只手錶(每只手錶價金為澳門幣200元)的二維碼(barcode)輸入收銀機,因此收銀機所打印出來的編號為533 535 6799的購物單據9內容變成了總金額為澳門幣3,700元的三只手錶,該顧客在以銀聯卡付款時就多支付了澳門幣400元。
2.14
同月29日下午6時8分左右第一嫌犯向一名顧客售出一只手錶後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並收取到本應屬其任職公司的貨款人民幣170元10。
第一嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
2.15
2018年2月2日下午4時48分左右第一嫌犯向一名顧客售出兩只手錶後將其個人的微信收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並收取到本應屬其任職公司的貨款人民幣3,000元11。
第一嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
3.
3.1
2018年1月5日下午6時33分左右從2017年1月開始在“E LIMITADA”任職售貨員的第二嫌犯在上述分店當值期間,在收取一名顧客所支付的港幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進收銀枱下的抽屜中。當日下午6時44分第二嫌犯從抽屜中取出該200元現金放進自己的褲袋内。
3.2
同月21日下午7時47分第二嫌犯在向一名顧客出售了價值澳門幣17,280元的貨品後未將該筆交易的533 535 6680號銷售單據12交予該顧客,而是將之私自保留下來並於當日晚8時13分將單據交予另一職員拿去兌換了5,000元現金券。
當晚9時28分第二嫌犯在清楚沒有顧客進行交易的情況下掃描其預先準備好的商品二維碼在收銀機上打印出一張編號為533 535 6681、交易內容為三只手錶(總價為澳門幣4,980元)的收款單據13,第一嫌犯隨即以上述現金券作出了支付。
3.3
2018年1月23日中午12時22分左右第二嫌犯向一名顧客售出了價值不詳貨品後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並收取到本應屬其任職公司的金額不詳之貨款。
第二嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
3.4
同月26日下午2時52分左右第二嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣950元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進一個文件夾內再放進收銀枱下的抽屜中。
第二嫌犯隨後將該筆款項據為己有。
3.5
同月27日下午6時37分左右第二嫌犯向一名顧客售出兩只手錶後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並收取到本應屬其任職公司的相應貨款澳門幣1,300元。
第二嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
3.6
同年2月1日下午3時37分左右第二嫌犯向一名顧客售出貨品後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並收取到本應屬其任職公司的相應貨款澳門幣4,000元。
第二嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
3.7
同日晚7時22分左右一名顧客選購了一只標價為澳門幣2,400元的手錶後將港幣2,500元交予第四嫌犯,第二嫌犯在明知的情況下在收銀機上打印出一張編號為533 535 6848、交易內容為一只手錶(交易價為澳門幣200元)的收款單據14同時只找回給該顧客澳門幣100元。因此兩嫌犯清楚知悉按收款單據所載金額計算收銀機內多出了約澳門幣2,275元的款項。
當晚10時53分左右第二嫌犯在第四嫌犯的配合下,使用該犯所提供的員工折扣卡在收銀機上打印出編號533 535 6857、銷售內容為三只手錶(總價為澳門幣2,379.7元)的收款單據15。
第四嫌犯因此沒有支付任何款項就購得三只手錶。
3.8
同月21日上午10時31分左右第二嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣1,180元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是直接將之據為己有。
3.9
同日下午5時2分左右第二嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是直接將之據為己有。
3.10
同月22日上午11時59分左右第二嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,不將該筆款項依規定放入收銀機內而是直接將之據為己有,只將一張舊單據交予了該顧客。
3.11
同日中午12時16分左右第二嫌犯向一名顧客售出兩只手錶後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並收取到本應屬其任職公司的相應貨款人民幣3,496元16。
第二嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
4.
4.1
2018年2月4日晚8時22分左右從2017年2月開始在“E LIMITADA”任職售貨員的第三嫌犯在上述分店當值期間,在收取一名顧客以現金所支付的數目不詳貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是在顧客離開後將現金據為己有。
4.2
同月16日下午2時30分左右第三嫌犯在收取一名顧客以現金所支付的數目不詳貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是在顧客離開後將現金據為己有。
4.3
同月19日中午12時48分左右第三嫌犯和第四嫌犯在收取一名顧客以現金所支付的數目不詳貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是互相配合由第四嫌犯以文件夾遮掩所收取的現金,第三嫌犯則將文件夾下的現金取走。
5.
5.1
2018年2月1日下午3時36分左右從2016年11月開始在“E LIMITADA”任職售貨員的第四嫌犯在上述分店當值期間,在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進收銀枱下的抽屜中。
5.2
同日下午6時9分左右第四嫌犯在收取一名顧客所支付的港幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進收銀枱下的抽屜中。
5.3
同日下午6時59分左右第四嫌犯在收取一名顧客所支付的港幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進收銀枱下的抽屜中。
5.4
同月4日下午6時47分左右第四嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放進收銀枱下的抽屜中。
5.5
同月12日下午6時57分左右第四嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放在收銀機下,只將一張舊的收款單據交給了該顧客。
5.6
同日晚9時50分左右第四嫌犯在收取一名顧客所支付的澳門幣200元貨款後,不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是將現金放在收銀機下,只將一張舊的收款單據交給了該顧客。
5.7
同月17日下午3時9分左右第四嫌犯在收取一名顧客用以支付所購貨品價款的澳門幣200元現金和現金券後,不將現金和現金券依規定放入收銀機內,而是將之放在收銀機下抽屜內。
5.8
第四嫌犯將上述款項全數據為己有。
5.9
同日下午5時7分左右第四嫌犯在收取一名顧客以人民幣1,500元所支付的購買貨物的價款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是由第五嫌犯以文件夾作遮掩,兩嫌犯在當日下午5時40分將該筆款項從文件夾中取出瓜分。
5.10
同月20日上午11時20分左右第四嫌犯在收取一名顧客以港幣4,500元所支付的購買貨物的價款後,抽出其中一張1,000元的紙幣放入一個盒子內並以其預先準備好的一張現金券作替換,為此該嫌犯在收銀機上打印出顧客以1000元澳門幣現金券支付其中一部份貨款的533 535 7271號收款單據17。
當日上午11時44分第四嫌犯從盒子中取出前述1,000元港幣放進第三嫌犯衣袋內。
6.
6.1
2018年1月22日上午11時12分左右從2017年4月開始在“E LIMITADA”任職售貨員的第五嫌犯在上述分店當值期間向一名顧客售出一只手錶後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並因此收取到本應屬其任職公司的人民幣1,230元貨款18。
第五嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
6.2
同日下午1時10分左右第五嫌犯向一名顧客售出一只手錶後將其個人的支付寶收款二維碼圖片展示予該顧客掃描並因此收取到本應屬其任職公司的人民幣1,046元貨款19。
第五嫌犯就此未在收銀機內作出任何操作以記錄有關交易。
6.3
同月27日晚8時34分左右第五嫌犯在收取一名顧客所支付的購買一只手錶的港幣200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而只是將現金放在收銀枱上。
當晚8時39分第五嫌犯將上述款項放入其衣袋內據為己有。
6.4
當晚8時42分左右第五嫌犯在收取一名顧客所支付的購買一只手錶的港幣2,000元現金貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是在該顧客離開之後將該筆現金放入其衣袋內據為己有。
6.5
同年2月17日上午11時42分左右第五嫌犯在收取一名顧客所支付的購買貨品的港幣1,010元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是在該顧客離開之後將該筆現金放入其衣袋內據為己有。
6.6
同月18日中午12時50分左右第五嫌犯在收取一名顧客所支付的購買貨品的澳門幣1,500元貨款後,不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是以一個文件夾作遮掩,之後在第四嫌犯的掩護下取走該筆現金據為己有。
6.7
同日中午12時54分左右第五嫌犯在收取一名顧客所交付的用以購買貨品的總額澳門幣1,500元的現金券後,不將該等現金券依規定放入收銀機內,而是將該等現金券收起據為己有。
6.8
同月24日下午6時39分左右第五嫌犯在收取一名顧客所支付的購買貨品的澳門幣2,200元貨款後,既未向該顧客打印相應單據也不將該筆款項依規定放入收銀機內,而是在該顧客離開之後將該筆現金放入其衣袋內據為己有。
7.
第一、二、三、四和第五嫌犯在自由,自願和有意識的情況下,利用其任職公司售貨員之便利,單獨或互相配合,多次將顧客所支付屬其任職公司所有的貨款取走以達到將之據爲己有之非法目的;
第一、二和第五嫌犯在明知和有意識的情況,出示其個人之收款二維碼,令顧客向其作出錯誤的支付,其行為直接導致其任職公司財產上之損失。
第一、二、四嫌犯在明知和有意識的情況下,未經許可,利用職務之便,假造交易單據,以達到為其本人取得非法利益之目的;
以上五名嫌犯清楚知道其行爲是法律所禁止,會受法律之相應制裁。

綜上所述,第一嫌犯B是直接正犯,其既遂之行為已經觸犯了《刑法典》第199條第1款、第244條第1款a項結合第243條a項和第211條第1款之規定,構成八項信任之濫用罪(針對控訴書第2.1、2.2、2.3、2.4、2.5、2.10、2.11和2.12點所指事實)、三項偽造文件罪(針對控訴書第2.4、2.5和2.13點所指事實)和五項詐騙罪(針對控訴書第2.6、2.8、2.9、2.14和2.15點所指事實);
第一嫌犯B和第二嫌犯A是直接共犯,其既遂之行為均已觸犯了《刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項之規定,分別構成一項偽造文件罪(針對控訴書第2.7點所指事實);
第二嫌犯A是直接正犯,其既遂之行為已經觸犯了《刑法典》第199條第1款、第244條第1款a項結合第243條a項和第211條第1款之規定,構成五項信任之濫用罪(針對控訴書第3.1、3.4、3.8、3.9和3.10點所指事實)、兩項偽造文件罪(針對控訴書第3.2和3.7點第一部份所指事實)和四項詐騙罪(針對控訴書第3.3、3.5、3.6和3.11點所指事實);
第二嫌犯A和第四嫌犯G是直接共犯,其既遂之行為均已觸犯了《刑法典》第211條第1款和第244條第1款a項結合第243條a項之規定,分別構成一項詐騙罪和兩項偽造文件罪(針對控訴書第3.7點第二部份所指事實);
第三嫌犯F是直接正犯,其既遂之行為已經觸犯了《刑法典》第199條第1款之規定,構成兩項信任之濫用罪(針對控訴書第4.1和4.2點所指事實);
第三嫌犯F和第四嫌犯G是直接共犯,其既遂之行為均已觸犯了《刑法典》第199條第1款之規定,分別構成一項信任之濫用罪(針對控訴書第4.3點所指事實);
第四嫌犯G是直接正犯,其既遂之行為已經觸犯了《刑法典》第199條第1款之規定,構成七項信任之濫用罪(針對控訴書第5.1、5.2、5.3、5.4、5.5、5.6和5.7點所指事實);
第四嫌犯G和第五嫌犯H是直接共犯,其既遂之行為均已觸犯了《刑法典》第199條第1款之規定,分別構成一項信任之濫用罪(針對控訴書第5.9點所指事實);
第四嫌犯G是直接正犯,其既遂之行為已觸犯了《刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項之規定,構成一項偽造文件罪 (針對控訴書第5.10點所指事實);
第五嫌犯H是直接正犯,其既遂之行為已經觸犯了《刑法典》第199條第1款和第211條第1款之規定,構成五項信任之濫用罪(針對控訴書第6.3、6.4、6.5、6.7和6.8點所指事實)和兩項詐騙罪(針對控訴書第6.1和6.2點所指事實);
第四嫌犯G和第五嫌犯H是直接共犯,其既遂之行為均已觸犯了《刑法典》第199條第1款之規定,構成一項信任之濫用罪(針對控訴書第6.6點所指事實)。

3. 辯護主張
第一嫌犯於卷宗第488頁及背頁提交了書面的/形式的答辯狀(相關內容在此視為完全轉錄)。
當中,第一嫌犯表示不確認控訴書所指的全部事實,但要求考慮對嫌犯有利的情節。
第二嫌犯於卷宗第486頁提交了書面(形式)答辯狀,並要求:“考慮一切有利於嫌犯之事實情節及法律規定,並一如既往作出公正裁決”(相關內容在此視為完全轉錄)。
第三嫌犯至第五嫌犯於卷宗第485頁提交了書面(形式)答辯狀,並要求:“考慮卷宗內一切有利嫌犯之情節,及一如既往秉公辦理”(相關內容在此視為完全轉錄)。

4. 訴訟程序要件
審判聽證是在五名嫌犯在場的情況下進行。
已確定的訴訟要件無任何改變,並按法律程序對案件進行了公開開庭審理。

二、事實和證據
本法院經公開審理查明:
(......)

未能證明的事實:
五名嫌犯在取得案中所指的不法所得後,隨即用作滿足其基本生活的所需,而該等財產係為滿足此等需要屬必須者。
控訴書及辯護狀中與上述已證事實不符的其他事實。

本法院依據卷宗所載的資料、書證、扣押物,各相應嫌犯所作出的聲明、證人的證言而形成心證。

三、判案理由
第一嫌犯B承認實施了大部分對其所指控的事實,並講述了其犯案的方式,表示每次客人購物均需要發單,由於有其他同事以同樣的方式犯案,所以他也跟著做,但第一嫌犯對案中個別的事實作出了澄清,表示不知悉第二嫌犯有否參與犯案,承認因自己一時貪心,而作出了相關的行為;此外,第一嫌犯表示當時公司未有微信支付或支付寶等付款方式,但客人希望購物,為求業績,便讓客人先以微信或支付寶付款到其本人(第一嫌犯)的帳戶,之後其再為客人找數,倘若其手上有現金券,會先以現金券付款,不足時才會以現金方式付款;第一嫌犯表示知錯及後悔,第一嫌犯表示案發期間,其父親因患病需要用錢,所以令其經濟出現困難;此外,第一嫌犯確認曾使用所拿取的2,000澳門元現金券購買手袋贈予其前度女朋友作為生日禮物。
第二嫌犯A初時表示對被歸責的事實行使沉默權;然而,在庭審最後的陳述當中,其辯護人表示第二嫌犯否認控罪,且不回答任何問題,第二嫌犯對此予以確認,但又表示知錯(詳見相關的庭審筆錄)。
第三嫌犯F承認實施了對其所指控的事實,承認因一時貪心而犯案,由於有其他同事以同樣的方式犯案,所以她後來也跟著做,但其不知悉第二嫌犯有否參與作案,第三嫌犯表示自己當時為兼職員工,沒有業績的問題,所以不用替客人代為找數,第三嫌犯表示其參與的交易均涉及200澳門元的手錶,並隨即用作生活所需,表示知錯及後悔。
第四嫌犯G承認實施了大部分對其所指控的事實,由於有其他同事以同樣的方式犯案,所以她後來也跟著做,但對案中部分事實作出澄清,其中,針對控訴書第3.7點的事實,其表示第二嫌犯當時見其(第四嫌犯)下班,所以問其借用員工卡購買物品,但其不知悉第二嫌犯購買了什麼,第四嫌犯表示由於公司規定當值期間不能使用員工卡購物(享有員工折扣),所以第二嫌犯才向其借用員工卡,其不知悉第二嫌犯有否參與作案;針對控訴書第4.3點的事實,第四嫌犯表示經其翻查影碟資料,所涉及的交易為200澳門元的兒童手表,第四嫌犯表示知錯及後悔;此外,針對卷宗第32頁的收款記錄,第四嫌犯表示是第二嫌犯所返還的款項(例如用膳的費用),其(第四嫌犯)有時會與同事一起吃飯,所以與案中多名嫌犯會有交收款項的記錄,其也曾與第一嫌犯換錢,所以兩人有交收記錄。
第五嫌犯H承認實施了對其所指控的事實,由於有其他同事以同樣的方式犯案,所以他後來也跟著做,第五嫌犯表示當時公司未有微信支付或支付寶等付款方式,但客人希望購物,為求業績,便讓客人先以微信或支付寶付款到其本人(第五嫌犯)的帳戶,之後其再為客人找數,第五嫌犯表示知錯及後悔;此外,第五嫌犯表示案中所扣押的兩部手提電話均與本案無關,卷宗第512頁的單據是用以作出證明。
由於第五嫌犯H所作的聲明與其在檢察院的聲明存在重大分歧,故法庭依法作出宣讀(有矛盾的部分)20,當中,第五嫌犯表示:曾因客人沒有取去購物品單據(已忘記次數),而嫌犯則取去有關單據並換領購物券(大約1,000餘元),購物券中的數百元用作購買了一個手提包(已轉送予朋友),其餘購物券已丟棄。
對此,第五嫌犯解釋在檢察院錄取口供時,已向職員表示當時忘記了用現金券還是現金購買有關手提包。
證人C表示案發期間公司已有支付寶的收款方式,並就案中其所得悉的作案情況作出了說明,關於涉案的監控片段,證人也有參與觀看,但其主要負責核對產品的數額,相關損失由經理計算,證人聽聞涉及10萬至20萬澳門元,但不肯定是否包括案中嫌犯以現金券支付貨品的數額;此外,證人表示其已離職,公司未有交待賠償的事宜。
證人D就其所參與的調查工作及嫌犯的犯案手法作出了說明,包括翻查監控影像所發現的情況,從中所見,案中五名嫌犯均有參與犯案,證人還作出了相關的說明並指出相關的犯案模式,過程當中有透過嫌犯的主管(C)核實相應的貨品及價值;此外,證人還就控訴書第2.13點、第3.7點等事實的細節作出了說明;證人表示公司要求嫌犯就涉案的損失作出賠償。
(第三嫌犯至第五嫌犯的辯方證人)XXX分別講述了第三嫌犯至第五嫌犯的為人及工作態度,並給予正面的評價。
(第三嫌犯至第五嫌犯的辯方證人)XXX分別講述了第三嫌犯至第五嫌犯的為人及工作態度,並給予正面的評價。
(第三嫌犯至第五嫌犯的辯方證人)XXX分別講述了第三嫌犯至第五嫌犯的為人及工作態度,並給予正面的評價。
(第三嫌犯至第五嫌犯的辯方證人)XXX(第四嫌犯的母親)表示第四嫌犯對事件感到後悔,且因疫情關係未能找到工作,情緒低落,後來第四嫌犯參與義工的工作。
(第二嫌犯的辯方證人)XXX講述了第二嫌犯的為人,表示第二嫌犯向其表示已知道錯,第二嫌犯現已重新投入工作,且已沒有涉及其他的案件。
(第一嫌犯的辯方證人)XXX(第一嫌犯的母親)講述了第一嫌犯的家庭背景,第一嫌犯的父親患有癌病,第一嫌犯為人孝順,十分照顧家庭。
(第二嫌犯的辯方證人)XXX講述了第二嫌犯的為人,表示第二嫌犯有向其講述是次事件,第二嫌犯表示已知道錯,第二嫌犯一直有工作,今年一月第二嫌犯拾得財物會交回警察局;此外,證人表示大部分客人都會保留收據,公司每日均會盤點貨品,上司則間中查核。
司警證人XXX講述了其所參與的調查程序,包括初步的調查,但沒有參與後續的調查工作。
司警證人XXX講述了其所參與的調查程序,包括製作報告,證人表示,就翻看手提電話筆錄中所提到的“不法取得之款項”,當時是經過相關嫌犯的確認,方作出相應的截圖及結論;此外,證人還講述了案中嫌犯的犯罪手法。
司警證人XXX講述了其所參與的調查程序,包括參與電話分析的工作。
《澳門刑法典》第199條第1款規定:
“一、將以不移轉所有權之方式交付予自己之動產,不正當據為己有者,處最高三年徒刑或科罰金。"
《澳門刑法典》第211條第1款規定:
“一、意圖為自己或第三人不正當得利,以詭計使人在某些事實方面產生錯誤或受欺騙,而令該人作出造成其本人或另一人之財產有所損失之行為者,處最高三年徒刑或科罰金。"
《澳門刑法典》第243條a項規定:
“為著本法典之規定之效力,下列各詞之定義為:
a) 文件:
(一)表現於文書,又或記錄於碟、錄音錄像帶或其他技術工具,而可為一般人或某一圈子之人所理解之表示,該表示係令人得以識別其由何人作出,且適合用作證明法律上之重要事實,而不論在作出表示時係作為此用,或之後方作此用者;及
(二)對一物實際所作或給予之記號,又或實際置於一物上之記號,其係用以證明法律上之重要事實,且令一般人或某一圈子之人得以識別其用途及其所證明之事;"
《澳門刑法典》第244條第1款a項規定:
“一、意圖造成他人或本地區有所損失,又或意圖為自己或他人獲得不正當利益,而作出下列行為者,處最高三年徒刑或科罰金:
a) 製造虛假文件,偽造或更改文件,又或濫用他人之簽名以製作虛假文件;"
根據卷宗調查所得的證據,經作出綜合的分析後,考慮各相應嫌犯所作的聲明,結合證人的證言及卷宗的資料,第三嫌犯及第五嫌犯承認實施了對其所指控的事實,第一嫌犯及第四嫌犯則承認大部分被指控的事實,並對當中的一些事實作出了說明;第二嫌犯初時表示對被歸責的事實行使沉默權,然而,在庭審最後的陳述當中,其辯護人表示第二嫌犯否認控罪,且不回答任何問題,第二嫌犯對此予以確認,但又表示知錯。
卷宗第29頁至第32頁背頁載有翻看第四嫌犯手提電話的筆錄。
卷宗第47頁至第49頁載有翻看第三嫌犯手提電話的筆錄。
卷宗第64頁至第73頁載有翻看第五嫌犯手提電話的筆錄。
卷宗第90頁至第95頁背頁載有翻看第二嫌犯手提電話的筆錄。
卷宗第102頁至第115頁載有相關的翻看光碟筆錄,當中拍攝了第一嫌犯當值的情況。
卷宗第139頁至第146頁載有翻看第一嫌犯手提電話的筆錄。
卷宗第250頁至第284頁載有案中所指刮刮咭活動的規則。
卷宗第292頁至第294頁載有第一嫌犯的銀行帳戶資料。
附文A當中載有與本案相關的調查資料。
庭審期間,證人D及證人C分別講述了他們所發現的案發經過,證人D更就案中所拍攝到的錄影片段作出了詳細的分析及說明,過程中其曾要求證人C協助,以便核實涉案的貨品及數額。
首先,對於第一嫌犯及第四嫌犯所作的解釋,雖然他們表示不知悉第二嫌犯有否參與犯罪,但從庭審期間第一嫌犯、第三嫌犯至第五嫌犯的聲明可以發現,他們表示案發期間有其他同事以同樣的方式作案,所以最後自己也有樣學樣;此外,從案中的相關作案手法,有部分情況需要由兩人協同作出,本院認為,倘若對方不知悉自己犯案,又為何可以配合得如此天衣無縫?
此外,根據警方就有關嫌犯的手提電話所進行的調查,警方當時經查問相關嫌犯後,獲其確認為涉案的款項,警方便將之截圖並附於卷宗;然而,第四嫌犯否認其與第二嫌犯之間的轉帳與本案有關,並表示只是返還用膳的費用。
考慮到卷宗第32頁的轉帳款項正好在控訴書第3.7點第二段所指事實發生後作出,結合第四嫌犯在庭上所作的解釋有別於其偵查期間向警方所交待的版本;反映第四嫌犯並沒有如實交待整個訴訟標的的事實經過,且有包庇第二嫌犯之嫌。
同樣,第一嫌犯在庭審期間表示不知悉第二嫌犯有否參與犯案,但按照案中第一嫌犯及第二嫌犯之間的行動默契,結合當時公司多名員工均知悉及參與實施同樣的行為,第一嫌犯在庭審期間並沒有足夠的坦誠,交待事件的始末仍有所保留的態度;因此,本院認為第一嫌犯也有包庇第二嫌犯之嫌。
在對案中的證據作出綜合及邏輯的分析後,考慮到有關嫌犯的聲明,結合案中調查所得的證據,尤其是證人D及證人C所交待的事件經過,司警證人在調查過程中所得出的事實結論,本院認為證據充分且足夠,並足以對上述的已證事實作出認定。
然而,控訴書的一些事實細節將因應嫌犯的聲明而作出相應的調整。
此外,關於第一嫌犯的辯護人所提出的案件符合《澳門刑法典》第203條b項規定的主張(其他嫌犯的辯護人也表示贊同),在對不同理解給予應有的尊重的情況下,本院認為,雖然案中有部分的事實反映涉案金額屬小額(《澳門刑法典》第196條c項);然而,第203條b項還要求符合“且隨即用作滿足行為人或上項所指之人之需要,而該物係為滿足此等需要所必須使用者”的要件。
在本案當中,第一嫌犯、第三嫌犯至第五嫌犯僅以口頭聲明的方式簡單地表示案中的不法所得已被他們隨即所花費掉,並表示自己經濟經拮。然而,第一嫌犯在其聲明中表示曾花費2,000澳門元的現金券購買手袋予其前度女朋友作為生日禮物,而第四嫌犯在庭審過程中仍對事實的真相有所隱瞞(尤其是其與第二嫌犯共同犯案的關係),故第一嫌犯及第四嫌犯所指已將犯罪之所得隨即花費掉的說法並不可信。
至於第三嫌犯及第五嫌犯,雖然他們也表示已將犯罪之所得隨即花費掉,但他們均沒有進一步就自己的經濟狀況作出說明,尤其是這些犯罪所得是作為其基本生活所需屬必不可少者。
對於有關的見解,其中,我們可以參考Dr. Leal-Henriques及M. Simas Santos所合著的《Código Penal de Macau》對第203條所作的註釋,印務局出版,1997年。
此外,也可參見葡萄牙波爾圖中級法院在第1389/15.2T9MAI.P1號卷宗所作出的裁判,當中強調了《澳門刑法典》第203條b項的規定應符合“生活的基本所需”此一要件。
基於此,本院認為案中各嫌犯未存在符合《澳門刑法典》第203條b項所指要件的充份證據,故其所主張的辯護理由未足以獲得採納,並應予駁回。
關於第二嫌犯的辯護人所提出的連續犯的主張,雖然案中所指的犯案手法相若,且時間也較為相近,但構成連續犯還須存在“可相當減輕行為人罪過之同一外在誘因”(可參見終審法院在第78/2012號合議庭裁判的見解),我們不應單憑手法相同、時間相近及所侵害的法益相同便斷言存在可相當減輕行為人罪過之誘因。
事實上,在本案當中,僅屬於犯案手法相同、時間相近及所侵害的法益相同,而未能證明存在可相當減輕行為人罪過之誘因,故本院認為未符合連續犯的要求。
關於第一嫌犯的辯護人所提到的損失問題,鑑於透過庭審,已足以證明案中的現金券不能由嫌犯(員工)所使用,故此,倘若他們沒有使用這些現金券,店方(被害實體)所應收取的貨款便會是現金,而不是現金券(因為原先的所有權人 — 顧客 — 已放棄使用);因此,本院認為,儘管店方在帳面上看似沒有損失,但事實上,這些被嫌犯們不當利用及支付的現金券,令店方無法以現金方式收取貨款,已足以反映店方存在相應的財產損失。
然而,儘管足以證實控訴書第2.7點的事實,檢察院以一項偽造文件罪控訴第一嫌犯及第二嫌犯,但鑑於檢察院未有對構成犯罪屬重要的事實作出完整的描述(參見中級法院第936/2017號裁判及終審法院第64/2012號裁判),因此,在對不同理解給予應有的尊重的情況下,基於控訴事實不足,故未足以支持第一嫌犯及第二嫌犯觸犯了該項(一項)被指控的偽造文件罪。
同樣,儘管足以證實控訴書第3.7點第二部分所指的第四嫌犯配合第二嫌犯借出員工卡的事實,檢察院以一項詐騙罪及兩項偽造文件罪控訴第四嫌犯,但針對第四嫌犯而言,鑑於檢察院未有對構成犯罪屬重要的事實作出完整的描述(參見中級法院第936/2017號裁判及終審法院第64/2012號裁判),因此,在對不同理解給予應有的尊重的情況下,基於控訴事實的不足,故未足以支持第四嫌犯觸犯了該項(一項)被指控的詐騙罪及兩項偽造文件罪。
綜上,根據有關已證事實,由於檢察院對第2.7點的事實描述不足,故指控第一嫌犯B及第二嫌犯A以直接共同正犯、既遂及故意的方式所觸犯的《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的一項「偽造文件罪」(共犯)(針對控訴書第2.7點所指事實),均判處罪名不成立。
根據有關已證事實,由於檢察院對第3.7點第二部分的事實描述不足,故指控第四嫌犯G以直接共同正犯、既遂及故意的方式所觸犯的《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的一項「詐騙罪」(共犯)及《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項「偽造文件罪」(共犯)(針對控訴書第3.7點第二部份所指事實),均判處罪名不成立。
此外,根據有關的已證事實,第一嫌犯B是直接正犯,其既遂及故意的行為,已觸犯了《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的八項信任之濫用罪(針對控訴書第2.1、2.2、2.3、2.4、2.5、2.10、2.11和2.12點所指事實)、《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的三項偽造文件罪(針對控訴書第2.4、2.5和2.13點所指事實)和《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的五項詐騙罪(針對控訴書第2.6、2.8、2.9、2.14和2.15點所指事實),均判處罪名成立。
第二嫌犯A是直接正犯,其既遂及故意的行為,已觸犯了《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的五項信任之濫用罪(針對控訴書第3.1、3.4、3.8、3.9和3.10點所指事實)、《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項偽造文件罪(針對控訴書第3.2和3.7點第一部份所指事實)和《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的四項詐騙罪(針對控訴書第3.3、3.5、3.6和3.11點所指事實),均判處罪名成立。
(改判)第二嫌犯A是直接正犯,其既遂及故意的行為,已觸犯了《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的一項詐騙罪及《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項偽造文件罪(針對控訴書第3.7點第二部份所指事實),均判處罪名成立。
第三嫌犯F是直接正犯,其既遂及故意的行為,已觸犯了《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的兩項信任之濫用罪(針對控訴書第4.1和4.2點所指事實),均判處罪名成立。
第三嫌犯F及第四嫌犯G是直接共同正犯,其既遂及故意的行為,已觸犯了《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的一項信任之濫用罪(共犯)(針對控訴書第4.3點所指事實),均判處罪名成立。
第四嫌犯G是直接正犯,其既遂及故意的行為,已觸犯了《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的七項信任之濫用罪(針對控訴書第5.1、5.2、5.3、5.4、5.5、5.6和5.7點所指事實),均判處罪名成立。
第四嫌犯G及第五嫌犯H是直接共同正犯,其既遂及故意的行為,已觸犯了《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的一項信任之濫用罪(共犯)(針對控訴書第5.9點所指事實),均判處罪名成立。
第四嫌犯G是直接正犯,其既遂及故意的行為,已觸犯了《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的一項偽造文件罪(針對控訴書第5.10點所指事實),判處罪名成立。
第五嫌犯H是直接正犯,其既遂及故意的行為,已觸犯了《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的五項信任之濫用罪(針對控訴書第6.3、6.4、6.5、6.7和6.8點所指事實)和《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的兩項詐騙罪(針對控訴書第6.1和6.2點所指事實),均判處罪名成立。
第四嫌犯G及第五嫌犯H是直接共同犯,其既遂及故意的行為,已觸犯了《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的一項信任之濫用罪(共犯)(針對控訴書第6.6點所指事實),均判處罪名成立。

在刑罰的選擇方面,《澳門刑法典》第64條規定:“如對犯罪可選科剝奪自由之刑罰或非剝奪自由之刑罰,則只要非剝奪自由之刑罰可適當及足以實現處罰之目的,法院須先選非剝奪自由之刑罰”。
根據嫌犯的犯罪記錄,第一嫌犯、第三嫌犯至第五嫌犯均屬於初犯,第一嫌犯及第四嫌犯承認大部分的指控,第三嫌犯及第五嫌犯基本認罪,且第三嫌犯至第五嫌犯已以賠償名義向本案存放了賠償金,因此,針對該等嫌犯(第一嫌犯、第三嫌犯至第五嫌犯),本院認為採用非剝奪自由的刑罰,即罰金,已足以達到處罰的目的。
針對第二嫌犯,雖然其屬於初犯,但考慮到第二嫌犯表示否認控罪,且不願意就訴訟標的作出回應,所謂的知錯也未見屬於真誠的悔悟;因此,本院認為採用非剝奪自由的刑罰,即罰金,並不足以達到處罰的目的,故此,應選擇剝奪自由的刑罰,即徒刑。

在具體的量刑方面,根據《澳門刑法典》第40條及第65條規定,法院得考慮行為人的罪過和預防犯罪的要求,以及不屬罪狀的加重或減輕情況,尤其是:犯罪事實的不法程度、實施犯罪事實的方式、犯罪事實所造成的後果、犯罪的故意程度、犯罪時行為人的情緒狀態、犯罪的目的或動機、五名嫌犯的個人及經濟狀況和犯罪前後的表現等。
考慮到本案犯罪事實的不法程度、嫌犯犯罪的故意程度,以及考慮了與本案有關的其他情節,尤其是案中的涉案財產價值。
根據《澳門刑法典》第221條結合第201條規定,由於第二嫌犯至第五嫌犯在庭審前已以賠償名義向卷宗存放了相應的賠償,因此,該四名嫌犯的刑罰作特別減輕(針對信任之濫用罪及詐騙罪)。
根據嫌犯的犯罪記錄顯示,五名嫌犯均屬於初犯。
綜上,本院針對第一嫌犯B所觸犯的:
— 八項信任之濫用罪,每項判處120日的罰金;
— 三項偽造文件罪,每項判處120日的罰金;
— 五項詐騙罪,每項判處120日的罰金。
根據《澳門刑法典》第71條的規定,訂罪刑幅為120日的罰金至600日21的罰金,考慮到第一嫌犯的人格及其所實施的事實,數罪並罰,合共判處270日罰金的單一刑罰。
考慮到第一嫌犯的經濟狀況,每日的罰金訂為100澳門元,合共為27,000澳門元,倘若不繳納,或不獲准以勞動代替,則易科為180日的徒刑。
針對第二嫌犯A所觸犯的:
— 五項信任之濫用罪(第二嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項判處5個月的徒刑;
— 四項偽造文件罪,每項判處7個月的徒刑;
— 五項詐騙罪(第二嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項判處5個月的徒刑。
根據《澳門刑法典》第71條的規定,訂罪刑幅7個月徒刑至6年6個月徒刑之間,考慮到第二嫌犯的人格及其所實施的事實,數罪並罰,合共判處2年徒刑的單一刑罰。
考慮到嫌犯犯罪前後的表現、犯罪的情節,第二嫌犯屬於初犯,本院認為僅對事實作譴責並以監禁作威嚇已可適當及足以實現處罰之目的,現決定暫緩2年執行對第二嫌犯所判處的徒刑,作為緩刑條件,第二嫌犯須於判決確定後2個月內向澳門特區政府繳交30,000澳門元的捐獻,以彌補其行為所造成的惡害(《澳門刑法典》第48條及第49條)。
針對第三嫌犯F所觸犯的:
- 兩項信任之濫用罪(第三嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項判處90日的罰金;
- 一項信任之濫用罪(共犯)(第三嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),判處90日的罰金。
根據《澳門刑法典》第71條的規定,訂罪刑幅為90日的罰金至270日的罰金,考慮到第三嫌犯的人格及其所實施的事實,數罪並罰,合共判處120日罰金的單一刑罰。
考慮到第三嫌犯的經濟狀況,每日的罰金訂為80澳門元,合共為9,600澳門元,倘若不繳納,或不獲准以勞動代替,則易科為80日的徒刑。
針對第四嫌犯G所觸犯的:
- 三項信任之濫用罪(共犯)(第四嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項判處90日的罰金;
- 七項信任之濫用罪(第四嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項判處90日的罰金;
- 一項偽造文件罪,判處120日的罰金。
根據《澳門刑法典》第71條的規定,訂罪刑幅為120日的罰金至600日22的罰金,考慮到第四嫌犯的人格及其所實施的事實,數罪並罰,合共判處180日罰金的單一刑罰。
考慮到第四嫌犯的經濟狀況,每日的罰金訂為80澳門元,合共為14,400澳門元,倘若不繳納,或不獲准以勞動代替,則易科為120日的徒刑。
針對第五嫌犯H所觸犯的:
- 兩項信任之濫用罪(共犯)(第五嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項判處90日的罰金;
- 五項信任之濫用罪(第五嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項判處90日的罰金;
- 兩項詐騙罪(第五嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項判處90日的罰金。
根據《澳門刑法典》第71條的規定,訂罪刑幅為90日的罰金至600日23的罰金,考慮到第五嫌犯的人格及其所實施的事實,數罪並罰,合共判處150日罰金的單一刑罰。
考慮到第五嫌犯的經濟狀況,每日的罰金訂為120澳門元,合共為18,000澳門元,倘若不繳納,或不獲准以勞動代替,則易科為100日的徒刑。

損害賠償:
由於被害實體(“E LIMITADA”)沒有提出正式的民事賠償請求,雖然證人D代表被害實體表示要求賠償,但鑑於從已證的事實當中,未能清晰無誤地確定被害實體的具體損失,為免產生既判效力損害被害實體的權益,故就有關的賠償事宜,留待被害實體循其他民事途徑作出追討(不妨礙相關嫌犯對被害實體自願作出賠償)。

四、判決
綜上所述,本院根據《澳門刑事訴訟法典》第353條、第355條(經第9/2013號法律所修改)及第356條的規定,作出如下判決:
1. 指控第一嫌犯B及第二嫌犯A以直接共同正犯、故意及既遂的方式所觸犯的《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的一項「偽造文件罪」(共犯),均判處罪名不成立。
2. 指控第四嫌犯G以直接共同正犯、故意及既遂的方式所觸犯的《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的一項「詐騙罪」(共犯)及《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項「偽造文件罪」(共犯),均判處罪名不成立。
3. 第一嫌犯B為直接正犯、其故意及既遂的行為,已觸犯了:
《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的八項「信任之濫用罪」,每項判處120日的罰金;
《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的三項「偽造文件罪」,每項判處120日的罰金;
《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的五項「詐騙罪」,每項判處120日的罰金。
數罪並罰,合共判處第一嫌犯B 270日罰金的單一刑罰,每日的罰金訂為100澳門元,合共為27,000澳門元,如不繳納,或不獲准以勞動代替,則易科為180日的徒刑。
4. 第二嫌犯A為直接正犯、其故意及既遂的行為,已觸犯了:
《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的五項「信任之濫用罪」(第二嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項各判處5個月的徒刑;
《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項「偽造文件罪」,每項各判處7個月的徒刑;
《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的四項「詐騙罪」(第二嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項各判處5個月的徒刑。
5. 指控第二嫌犯A以直接共同正犯、故意及既遂的方式所觸犯的《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的一項「詐騙罪」(共犯),改判為第二嫌犯A以直接正犯、故意及既遂的方式觸犯了《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的一項「詐騙罪」(第二嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),判處5個月的徒刑。
6. 指控第二嫌犯A以直接共同正犯、故意及既遂的方式所觸犯的《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項「偽造文件罪」(共犯),改判為第二嫌犯A以直接正犯、故意及既遂的方式觸犯了《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項「偽造文件罪」,每項各判處7個月的徒刑。
7. 數罪並罰,合共判處第二嫌犯A 2年徒刑的單一刑罰,徒刑准予暫緩2年執行,條件為第二嫌犯須於判決確定後2個月內向本特區支付30,000澳門元的捐獻。
8. 第三嫌犯F為直接正犯、其故意及既遂的行為,已觸犯了:
《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的兩項「信任之濫用罪」(第三嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項判處90日的罰金。
9. 第三嫌犯F為直接共同正犯、其故意及既遂的行為,已觸犯了:
《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的一項信任之濫用罪(共犯)(第三嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),判處90日的罰金。
10. 數罪並罰,合共判處第三嫌犯F 120日罰金的單一刑罰,每日的罰金訂為80澳門元,合共為9,600澳門元,如不繳納,或不獲准以勞動代替,則易科為80日的徒刑。
11. 第四嫌犯G為直接共同正犯、其故意及既遂的行為,已觸犯了:
《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的三項「信任之濫用罪」(共犯)(第四嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項判處90日的罰金。
12. 第四嫌犯G為直接正犯、其故意及既遂的行為,已觸犯了:
《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的七項「信任之濫用罪」(第四嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項各判處90日的罰金;
《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的一項「偽造文件罪」,判處120日的罰金。
13. 數罪並罰,合共判處第四嫌犯G 180日罰金的單一刑罰,每日的罰金訂為80澳門元,合共為14,400澳門元,如不繳納,或不獲准以勞動代替,則易科為120日的徒刑。
14. 第五嫌犯H為直接共同正犯、其故意及既遂的行為,已觸犯了:
《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的兩項「信任之濫用罪」(共犯)(第五嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項各判處90日的罰金。
15. 第五嫌犯H為直接正犯、其故意及既遂的行為,已觸犯了:
《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的五項「信任之濫用罪」(第五嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項各判處90日的罰金;
《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的兩項「詐騙罪」(第五嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項各判處90日的罰金。
16. 數罪並罰,合共判處第五嫌犯H 150日罰金的單一刑罰,每日的罰金訂為120澳門元,合共為18,000澳門元,如不繳納,或不獲准以勞動代替,則易科為100日的徒刑。
17. 判處五名嫌犯各繳納500澳門元,用於保護暴力犯罪受害人(1998年8月17日頒佈的第6/98/M號法律第24條第2款規定)。
18. 判處第一嫌犯及第二嫌犯各負擔20個計算單位的司法費,第三嫌犯至第五嫌犯各負擔10個計算單位的司法費(《法院訴訟費用制度》第71條第1款a項),五名嫌犯還須以連帶方式支付本案各項訴訟負擔。

根據法律規定作出通知。
通知有關人士,如不服本判決,可以在收到本判決通知之日起20日的法定期間內(經第9/2013號法律所修改),透過指派律師或自行委託律師,向澳門特別行政區中級法院提請上訴,申請書交到澳門特別行政區初級法院。

送交刑事紀錄登記表。
由於屬沒有特殊經濟價值的物品,因此,將卷宗所扣押的光碟充公,判決確定後,適時銷毀;根據卷宗第64頁至第73頁的翻看手提電話筆錄,由於當中未有清楚表明卷宗第512頁單據所指的電話載有涉案內容,因此,在欠缺其他佐證的情況下,未足以認定第512頁單據所指的電話與犯罪活動有關,故於判決確定後,將該電話及配件返還予其物主;至於其他扣押電話,根據卷宗的翻看手提電話筆錄,由於在該等電話當中均發現與本案有關的內容,故足以證實曾用作實施本案的犯罪活動,因此,足以認定為本案犯罪活動的工具,故於判決確定後,將之及其配件充公(參見卷宗第441頁)。
針對案中相關嫌犯以賠償名義所存放的款項,由於屬相關嫌犯自願返還/賠償的款項,故於判決確定後,通知被害實體(“E LIMITADA”)提取相關的款項。
判決確定後,根據《澳門刑事訴訟法典》第198條第1款d)項的規定,宣告對五名嫌犯所實施的強制措施消滅。

*
Quid Juris?
Apreciando:
Neste processo, apenas o 2º arguido veio a interpor este recurso jurisdicional contra as decisões contra ele proferidas.
Em sede recursória, pelo Recorrente/2º arguido foram suscitados vários vícios imputados à sentença recorrida na parte a ele respeitante.
A fim de nos percebemos o quadro factual e jurídico em que se move o presente recurso, importa recapitular os aspectos da sentença recorrida que toca especificadamente ao Recorrente, que são os seguintes consignados na respectiva decisão:
“(…)
第二嫌犯A初時表示對被歸責的事實行使沉默權;然而,在庭審最後的陳述當中,其辯護人表示第二嫌犯否認控罪,且不回答任何問題,第二嫌犯對此予以確認,但又表示知錯(詳見相關的庭審筆錄)。
(…)
(第二嫌犯的辯方證人)XXX講述了第二嫌犯的為人,表示第二嫌犯向其表示已知道錯,第二嫌犯現已重新投入工作,且已沒有涉及其他的案件。
(…)
(第二嫌犯的辯方證人)XXX講述了第二嫌犯的為人,表示第二嫌犯有向其講述是次事件,第二嫌犯表示已知道錯,第二嫌犯一直有工作,今年一月第二嫌犯拾得財物會交回警察局;此外,證人表示大部分客人都會保留收據,公司每日均會盤點貨品,上司則間中查核。
(…)
關於第二嫌犯的辯護人所提出的連續犯的主張,雖然案中所指的犯案手法相若,且時間也較為相近,但構成連續犯還須存在“可相當減輕行為人罪過之同一外在誘因”(可參見終審法院在第78/2012號合議庭裁判的見解),我們不應單憑手法相同、時間相近及所侵害的法益相同便斷言存在可相當減輕行為人罪過之誘因。
事實上,在本案當中,僅屬於犯案手法相同、時間相近及所侵害的法益相同,而未能證明存在可相當減輕行為人罪過之誘因,故本院認為未符合連續犯的要求。
(…)
第二嫌犯A是直接正犯,其既遂及故意的行為,已觸犯了《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的五項信任之濫用罪(針對控訴書第3.1、3.4、3.8、3.9和3.10點所指事實)、《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項偽造文件罪(針對控訴書第3.2和3.7點第一部份所指事實)和《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的四項詐騙罪(針對控訴書第3.3、3.5、3.6和3.11點所指事實),均判處罪名成立。
(改判)第二嫌犯A是直接正犯,其既遂及故意的行為,已觸犯了《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的一項詐騙罪及《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項偽造文件罪(針對控訴書第3.7點第二部份所指事實),均判處罪名成立。
(…)
針對第二嫌犯A所觸犯的:
— 五項信任之濫用罪(第二嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項判處5個月的徒刑;
— 四項偽造文件罪,每項判處7個月的徒刑;
— 五項詐騙罪(第二嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項判處5個月的徒刑。
根據《澳門刑法典》第71條的規定,訂罪刑幅7個月徒刑至6年6個月徒刑之間,考慮到第二嫌犯的人格及其所實施的事實,數罪並罰,合共判處2年徒刑的單一刑罰。
考慮到嫌犯犯罪前後的表現、犯罪的情節,第二嫌犯屬於初犯,本院認為僅對事實作譴責並以監禁作威嚇已可適當及足以實現處罰之目的,現決定暫緩2年執行對第二嫌犯所判處的徒刑,作為緩刑條件,第二嫌犯須於判決確定後2個月內向澳門特區政府繳交30,000澳門元的捐獻,以彌補其行為所造成的惡害(《澳門刑法典》第48條及第49條)。
(…)
1. 第二嫌犯A為直接正犯、其故意及既遂的行為,已觸犯了:
《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的五項「信任之濫用罪」(第二嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項各判處5個月的徒刑;
《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項「偽造文件罪」,每項各判處7個月的徒刑;
《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的四項「詐騙罪」(第二嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項各判處5個月的徒刑。
2. 指控第二嫌犯A以直接共同正犯、故意及既遂的方式所觸犯的《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的一項「詐騙罪」(共犯),改判為第二嫌犯A以直接正犯、故意及既遂的方式觸犯了《澳門刑法典》第211條第1款所規定及處罰的一項「詐騙罪」(第二嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),判處5個月的徒刑。
3. 指控第二嫌犯A以直接共同正犯、故意及既遂的方式所觸犯的《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項「偽造文件罪」(共犯),改判為第二嫌犯A以直接正犯、故意及既遂的方式觸犯了《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項「偽造文件罪」,每項各判處7個月的徒刑。
4. 數罪並罰,合共判處第二嫌犯A2年徒刑的單一刑罰,徒刑准予暫緩2年執行,條件為第二嫌犯須於判決確定後2個月內向本特區支付30,000澳門元的捐獻。
(…)”.
A propósito dos vícios apontados pelo Recorrente/2º arguido, o Digno. Magistrado do MP junto deste TSI emitiu as seguintes doutas considerações:
“(…)
2.1.
A primeira questão colocada pelo Recorrente é a de saber se o douto Tribunal recorrido incorreu em erro de julgamento ao condená-lo pela prática de 5 crimes de abuso de confiança previstos e punidos pelo artigo 199.º, n.º 1 do Código Penal.
Parece-nos que o Recorrente não tem razão.
Desde logo porque o seu recurso assenta, em parte, num fundamento inadmissível uma vez que através se questiona o julgamento sobre a matéria de facto que foi feito pela decisão recorrida.
Ora, como se sabe e resulta do disposto no artigo 400.º do CPP, em princípio, os poderes de cognição do tribunal de recurso em matéria de facto são, entre nós, muito limitados e certamente não contemplam uma reapreciação de tal matéria senão no quadro do artigo 415.º do CPP o que pressupõe a verificação dos vícios referidos nas alíneas do n.º 2 do referido artigo 400.º daquele diploma legal.
Mantendo-se a matéria de facto provada intocada, como não pode deixar de se manter, a consequência que daí decorre terá de ser a da improcedência do recurso também no que concerne ao invocado erro na aplicação da lei.
Na verdade, de acordo com o n.º 1 do artigo 199.º do Código Penal, incorre na prática do crime de abuso de confiança «quem se apropriar ilegitimamente de coisa móvel que lhe tenha sido entregue por título não translativo da propriedade é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa».
Ora, conforme consta dos pontos 3.1, 3.4 3.8, 3.9 e 3.10 com a matéria de facto dada como provada pela douta decisão recorrida, o Recorrente, em diversas ocasiões, recebeu dinheiro de clientes da loja na sequência de compras que estes fizeram e que, portanto, lhe foi entregue por título não translativo pois que tal dinheiro, em rigor, pertencia ao proprietário do estabelecimento comercial e apropriou-se ilegitimamente de tal dinheiro.
Não se desconhece a controvérsia doutrinal que existe relativamente às situações em que o objecto da apropriação são coisas móveis absolutamente fungíveis como é o caso do dinheiro. Aí, a questão central é a de saber se, quando alguém recebe dinheiro por título não translativo da propriedade, a sua mera confusão no património do tomador, ou mesmo o uso por parte deste, devem ter-se já por actos concludentes de apropriação, integrantes do tipo objectivo de ilícito (cfr. JORGE DE FIGUEIREDO DIAS, Comentário Conimbricense, Parte Especial, Tomo II, Coimbra, 1999, p. 104).
No entanto, no caso em apreço, tal questão não se coloca, na medida em que ficou provado que o Recorrente se apropriou ou fez suas as quantias que lhe foram entregues pelos clientes sem que, para além disso, se tenha provado o que quer que seja.
Improcede, pois, a nosso ver, o primeiro dos fundamentos do recurso.

2.2.
Quanto ao erro de julgamento apontado pelo Recorrente no que concerne à sua condenação pela prática de dois crimes de falsificação, também se nos afigura que o mesmo não tem razão.
Valem aqui as considerações que tecemos no ponto anterior relativamente à inviabilidade legal de discutir nesta sede o julgamento efectuado pelo Tribunal recorrido sobre a matéria de facto, sendo que, em rigor, o Recorrente apenas questiona tal julgamento e não já o enquadramento jurídico-penal dos factos.
Por isso, também nesta parte, entendemos o recurso não deve merecer provimento.

2.3.
(…)
2.4.
O Recorrente também entende que a decisão impugnada incorreu em erro quando considerou que os factos por si praticados não constituíam crime continuado.
Vejamos.
De acordo com o disposto na norma do artigo 29.º, n.º 2 do Código Penal, «constitui um só crime continuado a realização plúrima do mesmo tipo de crime ou de vários tipos de crime que fundamentalmente protejam o mesmo bem jurídico, executada por forma essencialmente homogénea e no quadro da solicitação de uma mesma situação exterior que diminua consideravelmente a culpa do agente».
No caso em apreço, os crimes de abuso de confiança praticados pelo Recorrente violaram o mesmo bem jurídico e foram executados de forma essencialmente homogénea.
Não nos parece, no entanto, que se verifique a solicitação de uma mesma situação exterior que diminua consideravelmente a culpa do Recorrente. Não se vislumbra ter havido um enquadramento exterior favorável à repetição da conduta criminosa que justifique o seu enquadramento na figura da continuação criminosa.
Por isso, sem necessidade de maiores considerações, parece-nos que improcede este fundamento do recurso.

2.5.
A última questão a apreciar no âmbito do presente recurso é a de saber se a decisão recorrida errou ao condenar o Recorrente na pena de 2 anos de prisão suspensa na sua execução pelo período de 2 anos.
Neste ponto, parece-nos que o Recorrente tem razão.
Desde logo porque, em nosso entender, o mesmo deve ser absolvido da prática dos crimes de burla de que vinha acusado o que não poderá deixar de reflectir-se na medida e na escolha da pena a aplicar em sentido favorável ao Recorrente.
Depois porque se não vislumbra razão legalmente aceitável face à factualidade que ficou provada, salvo o devido respeito, para discriminar de forma negativa o Recorrente relativamente aos demais Arguidos. A circunstância de o Recorrente se ter mantido em silêncio não pode, como parece evidente e resulta, expressis verbis, da parte final do n.º 1 do artigo 324.º do CPP, reverter em seu prejuízo. No caso, basta comparar as penas concretas aplicadas ao Recorrente com aquelas que foram aplicadas aos outros Arguidos para perceber que foi isso que, manifestamente, sucedeu.
Parece-nos, pois, que nesta parte deve proceder o recurso, aplicando-se ao Recorrente uma pena de multa nos termos que sejam julgados adequados.

3.
Face ao exposto, parece-nos, salvo melhor opinião, que deve ser concedido parcial provimento ao recurso nos termos que resultam da fundamentação que antecede.”

Pela clareza e exactidão dos argumentos constantes do parecer acima transcrito, que merece a nossa concordância sem reserva, os quais são reproduzidos aqui para fundamentar a decisão deste recurso, e como tal é de julgar infundados os argumentos tecidos pelo Recorrente nos termos acima indicados.
Resta ver duas questões suscitadas pelo Recorrente/2º arguido.
A primeira tem a ver com a imputação da prática dos crimes de burla.
Neste ponto é da posição do Digno. Magistrado do MP junto deste TSI:
“(…)
A terceira questão que vem colocada pelo Recorrente respeita à sua condenação pela prática de quatro crimes de burla que o mesmo considera errada.
Neste ponto parece-nos que tem razão.
Com efeito, incorre na prática do crime de burla, nos termos do artigo 211.º, n.º 1 do Código Penal, «quem, com intenção de obter para si ou para terceiro enriquecimento ilegítimo, por meio de erro ou engano sobre factos que astuciosamente provocou, determinar outrem à prática de actos que lhe causem, ou causem a outra pessoa, prejuízo patrimonial».
É essencial, portanto, ao preenchimento do tipo legal de crime em causa que o agente determine outra pessoa a praticar um ou mais actos que lhe causem prejuízo patrimonial.
Todavia, salvo o devido respeito, da leitura da matéria de facto não se extrai, de forma alguma, quem é que o Recorrente burlou e, nomeadamente, quem é que foi induzido pelo Recorrente a realizar em seu prejuízo actos de disposição patrimonial. Face à matéria de facto provada, diríamos que ninguém foi.
Por isso se nos afigura que o Recorrente não cometeu os crimes de burla que lhe eram imputados, devendo, nesta parte, proceder o recurso.
Basicamente concordamos com estas observações do Magistrado do MP que são reproduzidas aqui para fundamentar o presente aresto, e merece destaque de alguns aspectos nesta parte do recurso:
1) – Bem interpretados os factos acusados, inclinamos para a ideia de que eles possa integrar o tipo penal de infidelidade, p. e p. pelo artigo 217º do CPM, que tem o seguinte teor:
   1. Quem, tendo-lhe sido confiado, por lei ou por acto jurídico, o encargo de dispor de interesses patrimoniais alheios ou de os administrar ou fiscalizar, causar a esses interesses, intencionalmente e com grave violação dos deveres que lhe incumbem, prejuízo patrimonial importante, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa.
   2. A tentativa é punível.
2) – É de ver que, para incriminar o arguido nos termos do tipo acima citado, é preciso carrear e provar os elementos factuais respeitantes à existência de deveres funcionais, à sua violação grave e à intenção subjectiva (intencional) do arguido, obviamente a acusação pública não os contém, já que não foi orientado para esse sentido todo o inquérito.
Pelo que, julgando-se procedente este recurso, alsolvendo-se o Recorente/2º arguido da prática dos 5 crimes de burla.
*
  Perante o decidido, impõe-se à nova determinação das penas concretas em sede concurso de crimes.
É da posição do MP neste ponto:
“(…)
A última questão a apreciar no âmbito do presente recurso é a de saber se a decisão recorrida errou ao condenar o Recorrente na pena de 2 anos de prisão suspensa na sua execução pelo período de 2 anos.
Neste ponto, parece-nos que o Recorrente tem razão.
Desde logo porque, em nosso entender, o mesmo deve ser absolvido da prática dos crimes de burla de que vinha acusado o que não poderá deixar de reflectir-se na medida e na escolha da pena a aplicar em sentido favorável ao Recorrente.
Depois porque se não vislumbra razão legalmente aceitável face à factualidade que ficou provada, salvo o devido respeito, para discriminar de forma negativa o Recorrente relativamente aos demais Arguidos. A circunstância de o Recorrente se ter mantido em silêncio não pode, como parece evidente e resulta, expressis verbis, da parte final do n.º 1 do artigo 324.º do CPP, reverter em seu prejuízo. No caso, basta comparar as penas concretas aplicadas ao Recorrente com aquelas que foram aplicadas aos outros Arguidos para perceber que foi isso que, manifestamente, sucedeu.
Parece-nos, pois, que nesta parte deve proceder o recurso, aplicando-se ao Recorrente uma pena de multa nos termos que sejam julgados adequados.
(…)”.
Na sequência de absolvição dos 5 crimes de burla, importa determinar a pena única ao Recorrente/2º arguido, tendo em conta as penas concretas parcelares fixadas pelo Tribunal de 1ª instância:
第二嫌犯A為直接正犯、其故意及既遂的行為,已觸犯了:
1. 《澳門刑法典》第199條第1款所規定及處罰的五項「信任之濫用罪」(第二嫌犯具有作出賠償的特別減輕情節),每項各判處5個月的徒刑;
2. 《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項「偽造文件罪」,每項各判處7個月的徒刑;
3. (…)
4. 指控第二嫌犯A以直接共同正犯、故意及既遂的方式所觸犯的《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項「偽造文件罪」(共犯),改判為第二嫌犯A以直接正犯、故意及既遂的方式觸犯了《澳門刑法典》第244條第1款a項結合第243條a項所規定及處罰的兩項「偽造文件罪」,每項各判處7個月的徒刑。
(…)”.
Ou seja, atendendo aos elementos referidos nos artigos 64º e 65º do CPM, em concurso real vai o Recorrente/2º arguido condenado na pena única de 1 ano e 3 meses de prisão, suspensa na sua execução de 18 meses, com a condição de pagar, no prazo de 2 meses, contados a partir do trânsito do acórdão, ao Governo da RAEM uma quantia no valor de MOP$30,000.00 a título de contribuição especial.
Julga-se deste modo procedente esta parte do recurso, passando-se a sentenciar nos termos acima referidos.
*
Síntese conclusiva:
   I - É essencial que, para o preenchimento do tipo legal de crime de burla, p. e p. pelo artigo 211º do CPM, o agente determine outra pessoa a praticar um ou mais actos que lhe causem prejuízo patrimonial, quando da leitura da matéria de facto (quer da acusação pública, quer da sentença condenatória) não se extrai, de forma alguma, quem é que o Recorrente burlou e, nomeadamente, quem é que foi induzido pelo Recorrente a realizar em seu prejuízo actos de disposição patrimonial, impõe-se à conclusão de que o arguido/Recorrente não cometeu o ilícito penal imputado.
II – Ainda que os factos acusados e provados possam integrar (parcialmente) o tipo penal de infidelidade, p. e p. pelo artigo 217º do CPM, a falta de elementos factuais respeitantes à existência de deveres funcionais, à sua violação grave e à intenção subjectiva (intencional) do arguido, afasta a possibilidade de incriminar o arguido nestes termos, já que não foi orientado para esse sentido todo o inquérito.
*
Tudo visto e ponderado, resta decidir.
*
   四、裁決

據上論結,中級法院合議庭法官裁決如下:

上訴人/第二嫌犯之上訴理由部份成立,改判如下:
1. 因證據不足開釋對嫌犯所指控之五項詐騙罪。
*
2. 在維持第一審法庭對其他控訴的單一刑罰之前提下,數罪並罰,合共判處第二嫌犯A 1年3個月徒刑的單一刑罰,徒刑准予暫緩18個月執行,條件為第二嫌犯須於判決確定後2個月內向本特區支付30,000澳門元的捐獻。
*
3. 關於其他內容,維持第一審法庭之裁判。
*
4. 判處上訴人繳付4個計算單位之司法費,以及上訴敗訴而產生的訴訟費用。
*
依法作出通知及登錄。

              
            2021年9月23日
              
               ______________________________
               馮文莊 (裁判書製作人)
              
               ______________________________
               蔡武彬 (第一助審法官)
              
               ______________________________
               陳廣勝 (第二助審法官)
1 Por deliberação (nº 251) do Conselho dos Magistrados Judiciais de 14/05/2021, o signatário/relator foi designado para relatar, em acumulação de serviço, os processos-crime redistribuídos nos termos fixados pela referida deliberação.
2 就有關事實的增加,詳見相關的庭審筆錄。
3 影印本載於附件一第16頁
4 影印本載於附件一第17頁
5 卷宗第141頁背面
6 影印本載於附件一第18頁
7 卷宗第141頁背面
8 卷宗第142頁
9 影印本載於附件一第19頁
10 卷宗第142頁
11 卷宗第143頁背面和144頁
12 影印本載於附件一第28頁
13 影印本載於附件一第29頁
14 影印本載於附件一第44頁
15 影印本載於附件一第45頁
16 卷宗第92頁
17 影印本載於附件一第51頁
18 卷宗第70頁和71頁
19 卷宗第70頁和72頁
20 詳見相關的庭審筆錄。
21 《澳門刑法典》第71條第2款。
22 同上註釋。
23 同上註釋。
---------------

------------------------------------------------------------

---------------

------------------------------------------------------------





1


1098/2020-burla-absolvida p.58/58