卷宗編號:788/2024
(民事及勞動上訴卷宗)
裁判日期:2024年12月12日
主題:–交通事故
–刑事訴訟程序中的依職權裁定給予彌補
–既判案效力
–肇事駕駛者對保險公司所提訴訟
裁判摘要
1. 根據《刑事訴訟法典》第74條第3款以及第73條規定,依職權裁定給予彌補的判決部份構成裁判已確定之案件,具有法律賦予民事判決成為裁判已確定之案件時所具之效力。
2. 倘承保肇事車輛的保險公司並沒有參與針對肇事駕駛者所提起的刑事訴訟程序,那麼,在刑事法庭的判決中,根據《刑事訴訟法典》第74條的規定,依職權裁定肇事駕駛者須向受害人給予彌補的部份不能對保險公司產生既判案效力。
3. 肇事駕駛者依照刑事判決向受害人給予相應彌補後,前者按其滿足受害人之限度內,取得受害人針對保險公司的權利。
裁判書製作人
_____________________
盛銳敏
澳門特別行政區
中級法院合議庭裁判
卷宗編號:788/2024
(民事及勞動上訴卷宗)
裁判日期:2024年12月12日
上訴人:A
被上訴人:B有限公司
***
一、 案件概述
原告A(本上訴中的“上訴人”)針對被告B有限公司(本上訴中的“被上訴人”)提起本卷宗所涉及的通常宣告案,請求判處被告須向其支付澳門幣451,867.00元及人民幣5,892.50元1,以及上述兩筆款項自被告獲傳喚時起算的法定利息。
原告稱其為一宗發生於2018年8月12日凌晨約3時30分的交通意外的肇事駕駛者。原告亦指出,於2019年12月17日,其被初級法院第四刑事法庭CR4-19-0209-PCS號刑事卷宗判處其針對被害人C以直接正犯及既遂方式實施一項嚴重過失傷害身體完整性罪的罪名成立,此外,亦依職權判處原告須向被害人C支付澳門幣肆拾伍萬壹仟捌佰陸拾柒圓正(MOP$451,867.00)、人民幣伍仟捌佰玖拾貳圓伍角(RMB¥5,892.50)的損害賠償,以及須支付由上述刑事判決作出日起計直至完全支付該損害賠償為止的法定利息。
原告續指出,其已按照上指刑事案件的判決內容向被害人支付相關賠償金額,因此,基於涉案車輛M-26-XX的強制民事責任保險合同關係,被告B有限公司有義務向其返還上述金額。
經傳喚,被告提交答辯,當中除了透過爭執進行防禦,尚提出抗辯,簡要而言是指其一方從未根據第249/94/M號訓令獲通知。
根據卷宗第261至262頁批示,原審法院裁定被告提出的抗辯理由成立,因而駁回原告的請求。就此,原告提出上訴。經審理,中級法院裁定上訴理由成立,並命令訴訟程序繼續進行。
訴訟程序返回一審法院繼續進行。原審法院於2024年6月6日作出裁判,裁定原告提出的所有請求理由不成立。
*
原告不服上指裁判並提出上訴。為此,原告提交其上訴理由陳述,當中載有以下結論:
I. 沾有理解法律錯誤的瑕疵
➢ 上訴人是強制民事責任保險合同的受益人及權利人
➢ 上訴人具有預先支付被害人醫療費用而向保險人要求支付該費用的主觀權利
➢ 上訴人有權向被害人支付醫療費用而向保險人要求支付該費用的實體正當性
1. 尊敬的原審判決以本案的車輛強制保險合同的權利人屬於被害人C所有而非上訴人以判定上訴人不具有實體正當性以要求被上訴人支付上訴人已向被害人所支付的醫療費用的法律觀點及上訴人在本案所主張的已轉為確定的編號為CR4-19-0209-PCS號刑事判決所形成的刑事訴訟內沒有被告的參與,從而該判決依職權判處上訴人須向被害人C支付澳門幣肆拾伍萬壹仟捌佰陸拾柒圓正(MOP$451,867.00)及人民幣伍仟捌佰玖拾貳圓伍角(RMIB¥5,892.50)的民事損害賠償金額不能約束被上訴人B有限公司的法律觀點,從而駁回上訴人針對被上訴人在本案所提出的全部請求;
2. 本案中,針對M-26-XX輕型汽車的編號為004100023996的保險單屬於強制民事責任保險是顯而易見的,皆因任何在澳門特區公共道路上通行的車輛均須為該車輛購買對第三人引致損害之強制性民事責任保險(根據第57/94/M號法令第1條,以及第249/94/M號訓令第2條第1款);該車輛按補充法規的規定購買民事責任保險後,方可在公共道路上通行,否則構成行政上之違法行為而須罰款(根據第3/2007號法律第86條第1款及第3款規定);
3. 按照尊敬的中級法院分別作出第527/2016號合議庭裁決及第219/2005號合議庭裁決的司法見解、葡國Jose A. Engrácia Antunes教授針對保險合同的概念的理解、葡國Maria Manuela Ramalho Sousa Chichorro教授針對強制性民事責任保險的理解、葡國Fernando Balas學者針對汽車強制性民事責任的被保險人(segurado)應理解為訂立合同人及受益人(包括廣義及狹義理解)的依據,本案的M-26-XX輕型汽車的編號為004100023996的保險單的保險人屬於被上訴人、作為受益人的投保人為D及E、並以上訴人作為的該汽車的使用人為該保險的被保險人及受益人(根據第57/94/M號法令第3條第1款、第249/94/M號訓令第2條第1款及澳門《商法典》第962條);
4. 既然上訴人作為的該汽車的使用人為該保險的被保險人及受益人,上訴人是上述強制性民事責任保險合同的受益人的權利人,其享有針對被保險人請求其向被害人履行由澳門特區法院所判定交通意外的民事賠償金額的請求權的主觀權利,故上訴人是具有實體正當性,皆因上訴人是該合同的受益人及權利人(根據第57/94/M號法令第3條第1款、第249/94/M號訓令第2條第1款及《商法典》第962條)!
5. 按照葡國Carlos Albertos da Mota Pinto教授、Antonio Pinto Monteiro教授及Paulo Mota Pinto教授針對實體正當性的理解及依據57/94/M號法令第3條第1款規定,上訴人是本案受強制性民事責任保險合同所依法受保障的受益人及權利人,上訴人履行由司法決定所判定被上訴人須向被害人支付的民事損害賠償金(當中包括:上述醫療費用)享有求償權的主觀權利是必然的,故上訴人具有該合同的實體正當性;
6. 再三強調,按照強制性民事責任保險合同的法律關係中,D及E是該合同的投保人及受益人的法律關係主體—即具有保險風險的發生而要求被保險人向被保險人支付民事損害賠償的正當利益;上訴人作為該合同的受益人的法律關係主體—即具有保險風險的發生而要求被保險人向被保險人支付民事損害賠償的正當利益;被上訴人是該合同的保險人的法律關係主體—即其具有義務履行保險風險的發生而向被害人/受益人最終支付民事損害賠償的法定義務;
7. 除了對原審法院的應有尊重外,在存在較佳的見解的前提下,原審判決以上訴人非為本案的車輛強制保障合同的權利人,繼而不能夠要求作為保險人的上訴人基於上訴人已向上述被害人基於本案的交通意外所支付醫療費用,從而不具有實體正當性以要求被上訴人向上訴人支付該醫療費用是違反及錯誤理解第57/94/M號法令第3條第1款、第249/94/M號訓令第2條第1款及《商法典》第962條規定,從而沾有理解法律錯誤的瑕疵;
II. 依職權審理被上訴人濫用訴權:
8. 尊敬的原審判決以上訴人在本案所主張的已轉為確定的編號為CR4-19-0209-PCS號刑事判決所形成的刑事訴訟內沒有被告(即保險公司)的參與,從而該判決依職權判處上訴人須向被害人C支付澳門幣肆拾伍萬壹仟捌佰陸拾柒圓正(MOP$451,867.00)及人民幣伍仟捌佰玖抬貳圓伍角(RMIB¥5,892.50)的民事損害賠償金額不能約束被上訴人B有限公司的法律觀點,從而駁回上訴人針對被上訴人在本案所提出的全部請求;
9. 原審判決的第4頁的O)項已證事實所言如下:「被告收取了原告以被保人名義向被告支付現金澳門幣壹萬圓正(MOP$10,000.00)作為涉事M-26-XX輕型汽車(計程車)的賠償自負額;以及被告沒有發函至治安警察局、檢察院及法院詢問和瞭解本案的交通意外的發生和詳細資訊。(14.°)」
10. 可以肯定,被上訴人(即保險公司)故意一直不願意暸解和參與基於本案的交通意外所衍生的刑事訴訟,並收取上訴人向其支付的賠償自負額的金額而處於不作為的態度;
11. 澳門特區終審法院作出第90/2021號合議庭裁決清楚指出濫用權利是依職權審理的理據如下:「由於合同的履行期已順利完成,現在輪到承租人履行其義務,具體而言,是履行其在清空人和財物後將不動產返還給出租人的義務,因此,顯而易見,主張不動產租賃合同因出租人不具正當性而無效的做法構成清楚而明顯的“濫用權利”(眾所周知,“濫用權利”屬法院應依職權審理的問題)」(粗體字、斜體字及底下橫線是本人自行加上)
12. 澳門特區終審法院作出第84/2019號合議庭裁決清楚指出濫用權利是依職權審理的理據如下:「一、在《民法典》第299條的適用範圍內,時效期間的開始是以客觀方式計算的,與權利人何時獲悉其權利無關。二、濫用權利屬於一個依職權審理的問題,即便僅在上訴中提出仍須作出審理。」(粗體字、斜體字及底下橫線是本人自行加上)
13. 澳門特區中級法院作出第98/2014號合議庭裁決清楚指出濫用權利是依職權審理的理據如下:「II - O abuso do direito é de conhecimento oficioso, em especial quando se estiver perante uma clamorosa injustiça e violação do honeste agere. III - O venire contra factum proprium, em princípio, impede que o contraente possa vir alegar a nulidade do contrato por falta de forma (escritura pública)para a qual tenha contribuído.」(粗體字、斜體字及底下橫線是本人自行加上)
14. 按照終審法院分別作出的第90/2021號合議庭裁決及第84/2019號合議庭裁決、中級法院作出第98/2014號合議庭裁決的司法見解,被上訴人主張沒有參與上述刑事訴訟是建基於自本身不願意瞭解和參與所造成,再以第57/94/M 號法令第45條第1款以其沒有參與該訴訟而不具有正當性,並以該訴訟所形成的已確定裁決不對其產生約束力屬於違反善意原則的出爾反爾的濫用訴權/權利(依據《民法典》第326條規定);
15. 值得再三強調,被上訴人單憑沒有參與上述刑事訴訟及不知悉本案的交通意外的具體事實是建基於以不作為方式漠不關心上指刑事案件所致,完全違反善意原則而在本案行使《基本法》第36條第1款所確立的訴權來主張此依據是濫用權利(依據《民法典》第326條規定);
16. 而且,被上訴人持有或然故意的態度而不參與上述訴訟,故其完全針對上述刑事訴訟內沒有發函至治安警察局、檢察院及法官詢問本案的交通意外的最基本的注意義務,完全以不作為態度不參與該訴訟的情況下,再以該訴訟所形成的判決不對其產生約束力是違反善意原則及出爾反爾,皆因被上訴人一直規避該訴訟及該訴訟所形成的刑事判決的執行力;
17. 按照原審判決第a項至第O)項的已證事實,早已顯示上訴人所造成的本案的交通意外造成被害人的民事損害的具體事實;
18. 被上訴人完全沒有爭執和推翻已轉為確定的編號為CR4-19-0209-PCS的刑事判決及中級法院作出已轉為確定的第212/2020號合議庭裁決所確立上訴人造成本案的交通意外對被害人造成損害的因果關係,更沒有爭執和推翻兩份已轉為確定的司法判決所判處上訴人應支付被害人的民事損害賠償的具體金額;
19. 依據《民事訴訟法典》第578條規定:“刑事訴訟程序中所作之判刑確定後,在任何就取決於作出有關違法行為之法律關係進行爭議之民事訴訟中,對第三人而言,構成處罰前提及法定罪狀要素之事實推定存在,而涉及犯罪形式之事實亦推定存在,但該等推定可予以推翻。”
20. 上訴人作為編號為CR4-19-0209-PCS的刑事案的嫌犯及被判刑人,其在該案件內的犯罪行為所確立的過失傷人的具體事實(當中包括:被害人基於該行為所造成的具體傷勢的人身損害的事實及該事實衍生的精神損害的具體事實),被上訴人完全沒有依據《民事訴訟法典》第578條規定推翻上述兩個司法決定以在本案爭執該等事實的真確性的情況下,單憑以被上訴人沒有參與該刑事案而不具有正當性是完全無須向上訴人支付上訴人履行該等司法決定而向被害人支付相關的民事損害賠償的金額是濫用權利的體現;
21. 一方面,被上訴人收取上訴人向其支付的自負賠償額及不願意瞭解和參與上述刑事訴訟;
22. 另一方面,被上訴人在本案不爭執該刑事訴訟內所確立被害人應在本案的交通意外所應獲得的民事損害賠償金額及由上訴人所造成該意外使被害人遭受的民事損害的具體事實,並以沒有參與該訴訟而主張沒有正當性及不履行強制民事責任保險的向被害人支付民事損害賠償的法定義務,更拒絕向上訴人支付上訴人履行該刑事訴訟所形成的兩個司法決定所確立的民事損害賠償的金額;
23. 綜上所述,被上訴人主張編號為CR4-19-0209-PCS號刑事判決所形成的刑事訴訟內沒有被告的參與而不受該判決約束以行使其所享有的訴權屬於濫用訴權而屬無效,從而該判決能夠約束被上訴人(依據《民法典》第287條及第326條規定)。
III. 沾有遺漏審理的判決無效的瑕疵:
➢ 編號為CR4-19-0209-PCS號刑事判決針對被上訴人具有約束力
24. 上訴人所提交的原告之反駁狀第55 點至第57點所言如下:「
55.o
葡國最高法院在第5992/13.7TBMAI.P2.S1 號合議庭裁決的摘要如下:「I - No caso, não se verifica a excepção do caso julgado, uma vez que não ocorre a tríplice identidade a que alude o art 581°, do CPC (de sujeitos, pedido e causa de pedir).
II - Todavia, a jurisprudência e a doutrina têm entendido que a autoridade do caso julgado pode funcionar independentemente da verificação da referida tríplice identidade.
III - Para a solução do problema da irrelevância ou não do caso julgado em relação a terceiros, há-de recorrer-se às normas de direito material que regem as relações jurídicas respectivas.
IV - A jurisprudência e a doutrina, em geral, admitem a projecção reflexa do caso julgado no caso de a relação coberta por este entrar na formação doutras relações, como pressuposto ou como elemento necessário, lá que fixou e definiu a relação prejudicial.
V - No caso, estamos perante um contrato de seguro de responsabilidade civil profissional, que garante a indemnização dos prejuízos causados a terceiros no exercício de uma profissão - advocacia -, onde a constituição da obrigação do segurador em relação ao lesado pressupõe, necessariamente, a constituição, no património do segurado, da obrigação de indemnizar o lesado (terceiro em relação ao contrato de seguro).
VI - A decisão proferida na acção proposta pelo lesado contra o segurado, onde este foi condenado, por sentença transitada em julgado, a pagar àquela a quantia de €62.349,74 e respectivos juros de mora, é pressuposto indiscutível da decisão a proferir na acção proposta contra a Seguradora, já que foi esse o risco que esta cobriu.
VII - Assim sendo, tem de admitir-se a projecção reflexa do caso julgado formado na 1ª acção, na medida em que ela fixou e definiu a relação prejudicial, estando o tribunal recorrido vinculado à decisão proferida na causa prejudicial.」(粗體字、斜體字及底下橫線是本人自下加上)
56.o
雖然被告沒有參與上指編號為CR4-19-0209-PCS號刑事案而作為該案件的第三人,但該案內的上指判決及上指合議庭裁決均已轉為確定而成為實質既判案而約束被告須完全受該等司法決定所確立原告須向被害人支付的民事賠償及相關的遲延利息;
57.o
上述司法決定針對被告的約束性建基於作為實質既判案的該等司法決定的權威性(autoridade)及該等司法決定針對本案存在先決關係(relação prejudicial),繼而使該等實質既判案的約束力產生反射性延伸(a projecção reflexa do caso julgado)至作為第三人的被告,該反射性延伸亦可稱為反射性效力(eficácia reflexa)。」
25. 除了對原審法院的應有尊重外,在存在較佳的見解的前提下,尊敬的原審判決明顯沒有提及且沒有審理編號為CR4-19-0209-PCS的刑事案作為司法決定的判決針對被上訴人具有反射性效力而針對被上訴人具有約束力,從而沾有遺漏審理的判決無效瑕疵(《民事訴訟法典》第571條第1款d項所規定)。
*
被告B有限公司就上述上訴作出答覆,當中提出以下結論:
1- Vem o recurso a que ora se responde interposto da douta decisão proferida a final pelo Tribunal Judicial de Base e pela qual o pedido cível, foi mais uma vez, julgado totalmente improcedente, sendo que as questões que a decidir são, salvo devido respeito por diversa opinião, a de Erro na aplicação do Direito - sobre a legitimidade material do Recorrente em pedir à companhia de seguros o valor da indemnização por si pago ao ofendido no processo crime; Nulidade da sentença por omissão de pronúncia quanto à extenção dos reflexos da decisão transitada em julgado com caracter vinculativo, sobre a Recorrida e quanto ao cumprimento do caso julgado; e, Nulidade da sentença por omissão de pronúncia, já que é do conhecimento oficioso da excepção peremptória de violação do princípio da boa fé pela Recorrida - abuso de Direito por venire contra factum próprium e quanto ao facto de a Ré não ter feito todos os esforços para consultar os órgãos judiciais e as autoridades policiais sobre as situações concretas do acidente de viação.
2- Como se verificará, as teses do Recorrente carecem de qualquer fundamento, devendo o recurso a que ora se responde improceder, isto porque a alegação do Recorrente sobre Erro na aplicação do Direito, baseia-se na legitimidade material do Recorrente em pedir à companhia de seguros o valor da indemnização por si pago ao ofendido no processo crime, alegando para tanto, que enferma a douta decisão de erro na aplicação do Direito quando o Tribunal de Primeira Instancia decide que o Recorrente não tinha legitimidade substantiva para exigir que a recorrida pagasse as despesas médicas que o Recorrente já tinha pago ao ofendido com base no facto de o legitimo proprietário do contrato de seguro obrigatório do veiculo in casu pertencer a C e não ao Recorrente e que a Recorrida não teve qualquer participação no processo penal CR4-19-0209-PCS e sua decisão pelo que essa decisão condenatória não poderia vincular a Recorrida, rejeitando assim todas as ações do Recorrente contra a Recorrida neste processo.
3- Para sustentar a oposição a esta decisão proferida pelo Tribunal de Primeira Instância vem o Recorrente alegar que o Recorrente tem legitimidade material, pois é o beneficiário e titular do contrato, alegando ainda que é inevitável o direito subjectivo do Recorrente à satisfação do Direito de exigir as indemnizações civis (incluindo as despesas médicas acima referidas) a que a Recorrida foi judicialmente condenada a pagar ao ofendido, pelo que o Recorrente tem legitimidade material no contrato de seguro.
4- Ora, a Recorrida não podia estar em maior desacordo com esta posição do Recorrente, isto porque a recorrida não foi judicialmente nunca condenada a nada. Porque a Recorrida não foi sequer chamada a intervir no processo crime, pelo que não tendo feito parte do processo, não tem esta qualquer responsabilidade no pagamento de qualquer indemnização pedida pelo ora Recorrente, face ao estipulado no número 1 do artigo 23° da Portaria 249/94/M de 28 Novembro (a qual regula as condições da Apólice Uniforme para o Ramo Automóvel), a obrigatoriedade de o segurado dar conhecimento imediato do acidente à Companhia de Seguros, e de o segurado ou qualquer outra pessoa que tenha o direito de apresentar uma reclamação ao abrigo dessa apólice, não admitir, pagar ou oferecer qualquer quantia sem o consentimento escrito da Companhia de Seguros, dando-se também relevância ao disposto seus n°s. 4, 6 e 7.
5- Aí o legislador é peremptório nesta matéria, já que a Companhia de Seguros como entidade pagadora, entidade para quem foi transferida a responsabilidade pelas consequências do acidente, tinha o Direito e a faculdade de se defender em litisconsórcio com o condutor do veículo, não se tratando de uma possibilidade mas de um dever, quando o legislador escreve ao longo do aludido artigo 23° que: “o segurado deve dar conhecimento à Companhia de Seguros...”, “pelo segurado deve ser transmitido qualquer reclamação, intimação, ou notificação de processo judicial (...). Por isso, não assiste qualquer razão ao Recorrente.
6- Sempre se dirá que a partir do momento em que há a apresentação de despesas no processo crime por parte do ofendido, existe uma reclamação de indemnização, determinando o processo penal que tal indemnização possa ser arbitrada oficiosamente pelo Tribunal, e, por isso, o ora Recorrente, como arguido no processo crime, deveria ter conhecimento da sua situação processual nos autos criminais e as consequências que daí advêm, bem como as suas obrigações como beneficiário do seguro, conforme vem alegar.
7- Na verdade, o legislador fixou o estipulado no artigo 23° da Portaria 249/94/M, bem como o determinado no número 1 do artigo 45° do DL57/94/M, não podendo o ora Recorrente ignorar a posição da Companhia de Seguros e a obrigatoriedade da sua intervenção no sobredito processo penal, tal como o comanda a lei, não sendo por acaso que o legislador impõe a obrigatoriedade da intervenção da companhia de seguros nos processos cíveis ou penais, penalizando a sua ausência com a ilegitimidade, a qual deverá ser de conhecimento oficioso.
8- Tal como já alegado anteriormente, não seria justo que a Companhia de Seguros fosse encarada como mera recebedora de um prémio e só por causa disso mera pagadora da indemnização, sem perceber ou ter o direito de saber se todos os requisitos contratuais estavam a ser cumpridos tal como não seria também justo, não ter a Companhia de Seguros direito ao contraditório e à defesa num processo judicial em que estava a ser escrutinado o acidente de viação no qual se encontra envolvido o veículo automóvel cujo risco foi para si transferido e do mesmo processo ser excluída.
9- Neste sentido, todos os factores foram devidamente ponderados pelo Digno Tribunal de Primeira Instância, tendo sido dada decisão justa e não se podendo apontar qualquer falha ou violação de qualquer disposição legal na decisão proferida pelo que o Recurso a que ora se responde neste ponto não poderá senão improceder.
10- Quanto à arguida Nulidade da sentença por omissão de pronúncia quanto à extensão dos reflexos da decisão transitada em julgado com caracter vinculativo, sobre a Recorrida e quanto ao cumprimento do caso julgado, também quanto a este ponto o Recorrente não tem qualquer razão. Isto porque se seguíssemos o raciocínio do ora Recorrente as disposições legais acima referidas seriam inúteis, sem aplicação prática, pelo que devem as mesmas ser aplicadas, in casu, ressaltando-se mais uma vez, a obrigação constante do número 4 do artigo 23° da portaria 249/94/M.
11- E se seguirmos o racicinio do ora Recorrente que entende que : “...é inevitável o direito subjectivo do Recorrente à satisfação do Direito de exigir as indemnizações civis (incluindo as despesas médicas acima referidas) a que a Recorrida foi judicialmente condenada a pagar ao ofendido, pelo que o Recorrente tem legitimidade material no contrato de seguro.” então este teria também a obrigação de dar conhecimento à ora Recorrida todos factos, tal como aí consignado. E não o fez!
12- Ora, sendo obrigatória a intervenção da ora Recorrida no processo civil enxertado no processo penal tal como consignado no n° 1 do artigo 45° do Decreto - Lei 57/94/M, tal não ocorreu muito por inercia do ora Recorrente, pelo que não deverá a ora Recorrida ter qualquer obrigatoriedade no pagamento/ reembolso de qualquer indemnização já que não teve qualquer participação na acção com decisão já transitada em julgado mas cujos efeitos afectam tao só a si Recorrente e em nada afectam a ora Recorrida, pelo que neste sentido, e relativamente a este ponto, todos os factores foram devidamente ponderados pelo Digno Tribunal de Primeira Instância, tendo sido proferida decisão justa não se podendo apontar qualquer vício ou violação de qualquer disposição legal na decisão proferida, pelo que o Recurso a que ora se responde neste ponto não poderá senão improceder.
13- Finalmente e no que à arguida nulidade da sentença por omissão de pronúncia, diz respeito designadamente quanto já que é do conhecimento oficioso da excepção peremptória de violação do princípio da boa fé pela Recorrida - abuso de Direito por venire contra factum próprium, e o Réu não fez todos os esforços para consultar os órgãos judiciais e as autoridades policiais sobre as situações concretas do acidente de viação. Também aqui mais uma vez não assiste razão ao Recorrente.
14- Não existe qualquer omissão de pronúncia quanto à alegada acusação por parte do Recorrente, de conduta com má fé da ora Recorrida, isto porque tendo o Tribunal de Primeira Instancia analisado em primeiro lugar a actuação processual e legal do ora Recorrente no processo criminal e no presente processo cível, e não tendo a mesma sido procedente, caiu a necessidade de análise daquela questão, mas e mesmo que assim fosse considerado, não tem o Recorrente razão nesta questão porque a Recorrida não agiu nunca com má fé, nem nunca se verificou aqui, por parte da ora Recorrida, qualquer venire contra factum proprium, qualquer abuso de Direito.
15- A ora Recorrida teve conhecimento do pagamento da franquia, no entanto, nunca foi notificada ou citada para qualquer acção judicial, tal como estava obrigado por lei que o segurado ou interveniente no acidente assim fizesse. Nada foi feito por quem por lei a isso estava obrigado. As obrigações que decorrem das normas acima referidas são para o segurado, obrigação em chamar a Seguradora a um processo judicial que implique, ou no presente ou no futuro, a participação da mesma seguradora como responsável pelo risco do veículo automóvel envolvido no mesmo. E nada disto foi feito nem pelos segurados nem pela pessoa que tinha direito em apresentar uma reclamação no âmbito deste processo, que, in casu, seria o ora Recorrente.
16- Vem também alegar o Recorrente que: “O réu não fez todos os esforços para consultar os órgãos judiciais e as autoridades policiais sobre as situações concretas do acidente de viação”. Na verdade, tratam-se de alegações sem qualquer cabimento legal. Isto porque o Recorrente não aponta qualquer norma legal que suporte aquilo que alega, tratando-se de meras conclusões sem qualquer referência a qualquer diploma legal ou regulamentação que criem esta obrigatoriedade à Companhia de Seguros. Obrigatoriedade essa sim existente para com o segurado e determinada por lei.
17- Ao contrário do que o Recorrente afirma no seu recurso a responsabilidade em chamar a Companhia de Seguros ao processo não era do ofendido, mas cabia sim a si próprio, ora Recorrente. Da lei decorre essa obrigatoriedade para consigo, sendo que o ora Recorrente não tem mais uma vez razão, já que foi proferida decisão justa não se podendo apontar qualquer vício ou violação de qualquer disposição legal na decisão proferida pelo que o Recurso a que ora se responde neste ponto e na sua totalidade não poderá senão improceder.
*
各助審法官已對卷宗進行檢閱。
現對案作進行審理。
***
二、 訴訟前提
本院對此案具有管轄權。
本案訴訟形式恰當及有效。
訴訟雙方具有當事人能力及正當性,且已適當地被代理。
不存在待解決之無效、抗辯或其他先決問題。
***
三、 事實
原審法院將以下事實視為獲證:
1. 初級法院第四刑事法庭CR4-19-0209-PCS號刑事卷宗於2019年12月17日所作出判決書判處原告針對被害人C以直接正犯及既遂方式實施一項嚴重過失傷害身體完整性罪的罪名成立、依職權判處原告向被害人支付澳門幣肆拾伍萬壹仟捌佰陸拾柒圓正(MOP$451,867.00)、人民幣伍仟捌佰玖拾貳圓伍角(RMB¥5,982.50)的損害賠償及須支付由本判決作出日起計直至完全支付該損害賠償為止的法定利息(起訴狀文件Doc.2,見本卷宗第
198頁)。(A)
2. 原告不服上指判決及針對該判決向中級法院提出上訴,從而中級法院於2021年10月15日作出第212/2020號合議庭裁決,繼而廢止原審法院就財產損害賠償方面的決定,改判原告需向被告人支付醫療費用部份賠償澳門幣1,867元及人民幣1,192.50元及維持原審法院的其他決定(起訴狀文件Doc.2,見本卷宗第202頁)。 (B)
3. 於2018年8月12日,原告所駕駛M-26-XX輕型汽車(計程車)的所有權屬於D及E,二人分別各占該車輛份額的二分之一(起訴狀文件Doc.2,見本卷宗第95頁)。 (C)
4. 該輕型汽車的保險單編號為004100023996,該保險單之投保人為D及E,該保險單的保險人為被告及每次意外的保險限額為澳門幣伍佰萬圓正(MOP$5,000,000.00) (起訴狀文件Doc.2,見本卷宗第95頁)。(D)
5. 該保險單的保險期由2018年1月1日至2018年12月31日,本次交通意外案發當日-2018年8月12日-正包括在該期間內。 (E)
6. 2018年8月12日凌晨約3時30分,原告A駕駛M-26-XX輕型汽車(計程車)沿基馬拉斯大馬路右車道行駛,方向由運動場圓形地往成都街。 (1.º)
7. 期間,被害人C沿基馬拉斯大馬路近729D04號燈柱之人行橫道從原告行車方向的右往左橫過車行道。 (2.º)
8. 當原告駛近上述人行橫道時,原告沒有預先減慢車速或停車,並在該人行橫道範圍內將被害人撞至拋起再跌落到距離撞擊位置5米以外的地上,從而原告的汽車則繼續向前行駛至距離撞擊位置超過14米處方停下。 (3.º)
9. 上述碰撞直接及必然地導致被害人左鎖骨遠端骨折併肩鎖關節半脫位,左側第3肋骨骨折,左額部頭皮血腫,左肩部挫裂傷,雙膝及左足外側擦傷,共需10至12個月康服,傷勢對被害人的身體完整性造成嚴重傷害,使其長期患病,或將留有左肩疼痛及或活動受限的後遺症。 (4.º)
10. 案中意外的被害人造成身體痛楚及精神上之痛苦。 (5.º)
11. 於2018年8月13日,原告以被保人名義向被告支付現金澳門幣壹萬圓正(MOP$10,000.00)作為涉事M-26-XX輕型汽車(計程車)的賠償自負額。 (6.º)
12. 原告在支付上述自負額時,已向被告保險公司指明意外的詳細情況,尤其當中引致之傷亡情況。(7.º)
13. 被害人C因是次交通意外支付了醫療費澳門幣壹仟捌佰陸拾柒圓正(MOP$1,867.00)及人民幣伍仟捌佰玖拾貳圓伍角(RMB¥5,892.50)。 (8.º)
14. 被害人因意外而生的仁伯爵綜合醫院的醫療費用合共澳門幣壹萬零叁佰貳拾捌圓正(MOP$10,328.00)仍待支付。 (10.º)
15. 被告收取了原告以被保人名義向被告支付現金澳門幣壹萬圓正(MOP$10,000.00)作為涉事M-26-XX輕型汽車(計程車)的賠償自負額﹔以及被告沒有發函至治安警察局、檢察院及法院詢問和瞭解本案的交通意外的發生和詳細資訊。(14.º)
***
四、 法律適用
分析上訴陳述中的結論部份,可以總結出上訴人提出了以下問題:
- 被上訴裁決錯誤適用法律
- 被上訴人濫用訴權
- 基於其沒有審理編號CR4-19-0209-PCS刑事案判決對本案當事人所能產生的既判案效力,被上訴裁決根據《民事訴訟法典》第571條第1款d項規定沾有遺漏審理的判決無效瑕疵。
*
- 判決無效
由於判決無效屬於形式上的瑕疵,本院先對之進行審理。
上訴人所援引的《民事訴訟法典》第571條第1款d項規定,當法官未
有就其應審理之問題表明立場,或審理其不可審理之問題時,將引致判決為無效。
除應有尊重外,上訴人並無道理。
事實上,被上訴裁決顯然已就有關問題表明立場,並指出“被告作為保險人,沒有參與上述刑事卷宗,因此,上述刑事卷宗所判處的任何賠償,均基於被告不具有正當性而不能約束被告,原告不得單純基於上述刑事案件所判處的金額而直接要求被告支付。”
上訴人與原審法院理解不同之處在於編號CR4-19-0209-PCS刑事案當中所作出的有罪裁判,以及當中依職權裁定本案原告須向受害人作出彌補的決定對本案而言有否既判案效力,因而令本案的原告甚至是沒有參與該刑事案的本案被告均須受其約束。
即使假設原審法院的理解不正確,有關情況只構成被上訴裁決存在法律適用的瑕疵,而非上訴人所指的判決無效。
因此,被上訴裁決不存在上訴人所指的無效情況。
*
- 被上訴裁決錯誤適用法律
被上訴裁決作出了以下論述:
“解決通知義務的問題後,在本案中我們還須要分析的是,原告作為索償人所要求的賠償是否應由被告支付。
根據載於卷宗第227頁的保險合同,保險所保障的範圍是﹕“對第三者引致之物質
及身體之損害”。
根據獲證事實M及N,在是次交通事故中,作為第三人的被害人C因是次交通意外支付了醫療費澳門幣壹仟捌佰陸拾柒圓正(MOP$1,867.00)及人民幣伍仟捌佰玖拾貳圓伍角(RMB¥5,892.50)以及在仁伯爵綜合醫院合共醫療花費澳門幣壹萬零叁佰貳拾捌圓正(MOP$10,328.00)。
根據車輛強制保險合同,被告作為肇事車輛責任方的保險人,應就上述醫療開支作出支付,以彌補被害人C的損失。
然而,上述權利屬被害人C所有,原告並不是上述權利之權利人。原告在起訴狀中也沒有主張是否取得上述權利。
基於此,鑑於原告不具實體正當性,應駁回原告在本案中關於醫療損害賠償的請求。
本案中,原告還要求被告支付就本案涉及的交通事故在刑事法庭第CR4-19-0209-PCS號案件原告被該案依職權判處的賠償。
被告保險公司提出抗辯,還認為保險人沒有參與上述刑事案件,因此不具正當性支付上述裁判判處原告應支付的賠償。
第57/94/M號法令第45條第1款規定,在追究強制保險中之交通事故之民事責任之訴訟中,不論其為民事訴訟或刑事訴訟,被訴之保險人必須參與,否則為非正當。
確實,在任何涉及追究強制保險之交通事故民事責任的案件中,都必須有保險人的參與。
被告作為保險人,沒有參與上述刑事卷宗,因此,上述刑事卷宗所判處的任何賠償,均基於被告不具正當性而不能約束被告。原告不得單純基於上述刑事案件所判處的金額而直接要求被告支付。
因此,原告要求賠償的金額涉及上述刑事案件依職權作出判處的金額,以及相關的損害賠償,由於被告沒有參與該刑事案件的訴訟,原告不能夠直接透過援引上述刑事判決而要求被告支付。”
按照本案的獲證事實,毫無疑問,被上訴人為肇事車輛的承保公司。雖然事發時為駕駛者的上訴人並非投保人,但其根據第57/94/M號法令第3條第1款具有被保險人的身份。
在一般的民事責任保險的情況中,考慮到保險合同的相對性,原則上其只約束保險人及被保險人,故此,侵害事件中的受害人仍有權選擇僅針對侵害人(被保險人)提起旨在要求賠償的訴訟。同一時間,按照現行《商法典》第1026條第1款規定,如受害人願意,其亦得直接向保險人提起訴訟,惟法律並沒有禁止受害人針對侵害人及保險人一併提起訴訟,故此,侵害人及保險人在訴訟中的參與只屬於普通共同訴訟。
儘管侵害人承擔責任的依據在於非合同民事責任,而保險人承擔責任的依據則在於保險合同,但既然受害人既可單獨要求前者,又或單獨要求後者承擔整筆賠償,甚至是同一時間要求兩人承擔整筆賠償,應當認為,侵害人與保險人之間存在《民法典》第506條第2款所指的債務人連帶關係。
根據《民法典》第515條規定,“關係債權人與債務人中一人之已確定裁判,不得用以對抗其他債務人,但如該裁判之作出並非以涉及該債務人個人之理由作為依據,則其餘債務人得以之對抗債權人。”
基於此一規定,即使受害人(債權人)針對其中之一名連帶債務人(侵害人)取得勝訴判決,該判決對沒有參與前次訴訟的連帶債務人(保險人)不產生既判案效力。
此表示,沒有自發或被誘發參加(《民事訴訟法典》第262、267及271條)前一宗訴訟的其餘連帶債務人,將不受到該訴訟中所判處的、不利於他們的既判案效力所約束。2
本案所涉及的,並非一般的民事責任保險。從第57/94/M號法令第1條可見,機動車輛依法必須具備的保險具強制性。而且,上述法令第45條第2款更規定:“如提出之請求不超過第六條第一款所指之限額,在民事訴訟中,訴訟必須僅針對保險人,如保險人願意,得使被保險人參與訴訟。”
透過分析第57/94/M號法令中的諸多規定,尤其是第16條、第25條3、第45條第1及第2款可見,機動車輛所依法必須具備的強制性保險的設定,使最低保險限額以下的事故風險連同有關的賠償責任依照上述法令的相關規定轉移至保險人承擔。簡言之,當所涉賠償金額低於最低保險限額,僅保險人承擔賠償責任。
本案所面對的情況是:侵害人在刑事案件中被裁定過失傷人罪成,且法院按照《刑事訴訟法典》第74條依職權裁定該侵害人須向受害人給予彌補。
假設侵害人確遵照法院判決,自發向受害人作出有關彌補,以避免強制執行的發生,有關給付將在侵害人及保險人之間產生何種效果?
根據《刑事訴訟法典》第74條第3款以及第73條規定,依職權裁定給予彌補的判決部份構成裁判已確定之案件,具有法律賦予民事判決成為裁判已確定之案件時所具之效力。
要強調的是,與上方已就一般的民事責任保險所作的分析一樣,本院認為,保險公司既然沒有參與刑事案件,現審理的民事案件是其第一次因為涉案交通事故而正式被人提起訴訟,刑事案件中依職權裁定給予受害人彌補的判決部份同樣不能針對其產生既判案效力。
當然,就受害人而言,其在刑事案件中所獲之彌補,在或有由其針對相關民事責任主體提出的民事訴訟當中,應當予以考慮並扣減4。
就侵害人而言,鑑於其在履行及支付刑事案件所命令彌補的金額一事上顯然具正當利益,根據《民法典》第586條及587條第1款,侵害人將按照其滿足受害人(債權人)權利之限度,透過代位的方式取得後者原有的權利。
綜上所述,刑事案中所依職權裁定給予的彌補不對被上訴人產生既判案效力。然而,這不必然表示上訴人是次訴訟決不能成立。
如上所言,上訴人按其滿足受害人之限度內,取得受害人針對保險公司的權利。
要使上訴人的訴訟理由成立,其必須證明代位的發生。為此,首先要證明的是,原權利人(受害人)針對保險人(被上訴人)所擁有的權利。此外,亦要證明上訴人已作出相關的支付行為,因為上訴人只會在其支付限度內,代位取得有關權利。
關於原權利人(受害人)針對保險人(被上訴人)所擁有的權利,獲證事
實第6至8點描述了涉案事件的發生經過。從有關事實可以得出結論:上訴人在事件中,不法及過錯地侵害了受害人的權利,使其遭受損失,因此,受害人有權要求相關的保險人(被上訴人)作出相應賠償。
就賠償的訂定,獲證事實第9及第10點對應受害人的精神損害,而第13點對應受害人的財產損害。
獲證事實第9及第10點顯示,“上述碰撞直接及必然地導致被害人左鎖骨遠端骨折併肩鎖關節半脫位,左側第3肋骨骨折,左額部頭皮血腫,左肩部挫裂傷,雙膝及左足外側擦傷,共需10至12個月康服,傷勢對被害人的身體完整性造成嚴重傷害,使其長期患病,或將留有左肩疼痛及或活動受限的後遺症”,以及“案中意外的被害人造成身體痛楚及精神上之痛苦”。
從刑事判決可見(見卷宗第191至198背頁),上述事實情狀正正是該案依職權判處澳門幣450,000.00元的精神損害賠償的基礎。經上訴,中級法院同樣認為有關賠償金額是適當的,並不過高(見卷宗第202頁)。
事實上,考慮到具體的事實情狀,根據《民法典》第560條第6款,本院同樣認為,澳門幣450,000.00元的精神損害賠償是適當的,並不過高。
因此,本案的事實基礎足以支持受害人針對保險公司擁有一筆收取澳門幣450,000.00元的精神損害賠償的權利。
另一方面,獲證事實第13點顯示,被害人因是次交通意外支付了醫療費澳門幣1,867.00元,以及人民幣5,892.50元。故此,被害人針對保險
公司擁有收回此等款項的債權。
如上所言,上訴人尚要證明其已作出相關的支付行為,且代位亦只會在其支付的限度內發生。
分析起訴狀(見第21及22條),上訴人陳述稱其已向被害人支付澳門幣451,867.00元,以及人民幣5,892.50元。
在其答辯中,被上訴人爭執有關事實(尤見答辯狀第35、37及38條)。
原審法院未曾將有關事實事宜篩選。
由於該等事實事宜對案件的實體問題屬重要,根據《民事訴訟法典》第629條第4款規定,本院認為須依職權擴大事實事宜之範圍,使原審法院調查上訴人是否已支付且被害人已收到澳門幣451,867.00元,以及人民幣5,892.50元的款項。
另外,由於調查基礎第12點與有關問題存在關連,為免矛盾,本院亦命令撤銷原審法院對該疑問列的答覆。
換言之,重審標的僅包括以上兩段內容,而被上訴裁決的其他事實部份不受影響。
基於以上分析及理由,無須審理上訴人餘下最後一部份理據。
***
五、 決定
綜上所述,本院合議庭裁定上訴人上訴理由部份成立,繼而決定:
- 廢止被上訴裁決以及原審法院就事實事宜裁決當中對待證事實第12條的答覆,並命令增加以下事實:“原告已支付且被害人已收到澳門幣451,867.00元,以及人民幣5,892.50元的款項?”;
- 卷宗發回原審法院以重新審理待證事實第12條以及新增的事實事宜,並因應結果就上訴人的請求作出審理。
訴訟費用由最終的敗訴當事人承擔。
依法登錄本裁判並作出通知。
***
澳門特別行政區,2024年12月12日
盛銳敏
(裁判書製作人)
馮文莊
(第一助審法官)
何偉寧
(第二助審法官)
1 經比對起訴狀中原告對有關金額的全寫,以及相關的刑事有罪判決,起訴狀中請求部份的小寫金額(人民幣5,982.50)存在筆誤,正確應為5,892.50元。
2 就此,見JOÃO GIL DE OLIVEIRA e JOSÉ CÂNDIDO DE PINHO, Código Civil de Macau Anotado e Comentado, Jurisprudência, Livro II, Vol. VII, p. 731 e 732;ANA AFONSO, Comentário ao Código Civil, Direito das Obrigações, Das Obrigações em Geral, com a coordenação de JOSÉ BRANDÃO PROENÇA, Universidade Católica Editora, 2021, p. 446 e 447。此外,比較法上,見葡萄牙最高法院2024年2月27日在第4730/20.2T8BRG.G2.S1號卷宗所作的合議庭裁判。值得一提的是,該判決分析了上訴人所援引的葡萄牙最高法院在第5992/13.7TBMAI.P2.S1號卷宗的合議庭裁決,並最終採納了相反的見解。
3 終審法院2020年7月1日在第9/2020號卷宗的合議庭裁判中,認定汽車及航海保障基金就其應負責的“因死亡或身體侵害所引致之損害賠償”部份,與被告/民事被請求人之間不具有連帶性質,而前者只是在被害人支付有關賠償後,代位取得原屬被害人的權利。
4 MANUEL LEAL-HENRIQUES所著的Anotação e Comentário ao Código de Processo Penal de Macau,Vol. I,法律及司法培訓中心,2013年,第511頁。
---------------
------------------------------------------------------------
---------------
------------------------------------------------------------
第788/2024號案(民事及勞動上訴卷宗) 1 / 2